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Da indústria ao lar - Os produtos mais consumidos no Brasil

01/1974

Em meados da década de 1970, o Brasil tinha cerca de 110 milhões de habitantes e era um dos países mais populosos do mundo. Em 30 anos, a população brasileira havia mais que dobrado. O perfil do país havia mudado; o Brasil já não era mais predominantemente rural: 56% de sua população vivia nas cidades.

O mercado nacional estava mais integrado, em decorrência do forte impulso da política econômica adotada pelo governo militar, o chamado “milagre brasileiro”. Uma das vertentes dessa política foi a linha de incentivos fiscais para outras regiões, que estimulou a migração de capitais produtivos para regiões como Norte e Nordeste, promovendo a descentralização industrial de centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo. Polos industriais petroquímicos, siderúrgicos e de celulose foram criados em outros estados, procurando desenvolver as demais regiões brasileiras.

Com a entrada do primeiro polo petroquímico no Brasil, que iniciou suas atividades em 1972 em São Paulo, os produtos de material plástico entraram maciçamente no mercado nacional, como artigos de utilidade doméstica, toalhas de mesa e cortinas de banheiro. Lançamentos, como gravadores de fita K7, rádios e toca-discos, então chamados de vitrolas, e máquinas de datilografia portáteis já eram produzidos na Zona Franca de Manaus.

Entre 1974 e 1975, o IBGE promoveu o Estudo Nacional da Despesa Familiar sobre a vida das famílias brasileiras e constatou o aumento do consumo de bens duráveis. Os dados foram levantados em 53 mil domicílios divididos nas seguintes áreas: 43% nas capitais, 32% nas cidades do interior e 25% nas áreas rurais. Em 50% desses domicílios, o rádio continuava como o principal bem da família brasileira, seguido pelo relógio de pulso, fogão a gás e pela máquina de costura.

Outros bens, hoje completamente integrados à vida do brasileiro, apareceram em menor escala: ferro elétrico, televisão, geladeira, liquidificador, gravador, máquina de lavar roupa, automóvel etc. Nas áreas rurais, o rádio também era o bem central das famílias, sendo que apenas 10% delas possuíam outros bens. Nas áreas urbanas, os domicílios possuíam os bens duráveis de maior valor, sendo o fogão o bem mais comum, seguido do ferro elétrico. Uma das razões para o aumento da demanda de bens de consumo duráveis foi a ampliação do crédito ao consumidor, com prazos de financiamento mais dilatados e juros que ficavam abaixo da inflação.