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Do choque do petróleo ao Proálcool

01/1974

No final de 1973, ocorreu o primeiro choque do petróleo, provocando uma crise de âmbito mundial. Em retaliação ao apoio dos Estados Unidos e de países europeus a Israel, que havia ocupado territórios palestinos durante a Guerra do Yom Kippur contra Egito e Síria, os países árabes membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) aumentaram o preço do barril do produto de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas três meses.

O período de prosperidade promovido pelo “milagre brasileiro” entrava em declínio. O primeiro choque do petróleo afetou as economias do mundo inteiro, inclusive a brasileira, extremamente dependente do sistema financeiro internacional. A crise tornou os empréstimos estrangeiros escassos. No Brasil, gradativamente, registrava-se o aumento do custo de vida e a desvalorização do salário mínimo. Era o início de um brutal processo inflacionário e do alto endividamento externo, que se agravaria na década seguinte.

Em meio à crise, a Petrobras descobriu petróleo no campo de Garoupa, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro em 1974. A exploração na plataforma continental na Bacia de Campos continuou e novas descobertas foram feitas nesta bacia. As descobertas no mar do litoral fluminense abriram novas perspectivas para a economia fluminense e nacional, mas não resolviam o problema imediato da elevada alta dos preços dos combustíveis.

Em 1974, a oposição ao regime militar, centrada no MDB lançou a “anticandidatura” de Ulysses Guimarães para a Presidência da República, em forma de protesto. O general Ernesto Geisel venceu a eleição indireta por enorme diferença. Geisel deu continuidade à política econômica do governo Médici, lançando o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND). O Brasil, ao buscar contornar a crise, optou por uma estratégia de transformação estrutural, acentuando a política de substituição de importações, ampliando a estatização e mantendo o crescimento econômico.

O II PND complementaria de forma mais eficaz a política de substituição de importações, dando autonomia ao país, que deixaria de ser um mero importador e passaria a ter produção própria. O Brasil se tornaria uma grande potência, tudo seria construído: usinas nucleares, empresas petroquímicas, siderúrgicas, mineradoras de cobre, indústria pesada, ferrovias, rodovias, energias alternativas ao petróleo, hidrelétricas.

Com o objetivo de diminuir o consumo de gasolina e a dependência do país ao petróleo importado, em 1975, o governo federal criou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), visando a estimular a produção de álcool etílico e a montagem de veículos movidos a álcool hidratado. Com isso, a indústria brasileira precisou adaptar seus modelos para o novo combustível e, em 1979, foi lançado o primeiro carro movido exclusivamente a álcool, o Fiat 147.