Progresso industrial - O crescimento das indústrias têxteis
Os dados que surgiram do Censo industrial de 1907 revelaram o progresso da indústria no Brasil, em especial das indústrias de bens de consumo, como têxtil, calçados, chapéus, bebidas, produtos alimentares, entre outros. As empresas de fiação e tecelagem se destacaram entre as de maior capital. Havia registros de pequenas manufaturas de tecidos no Brasil desde o período colonial, favorecidas pela existência de matéria-prima local: o algodão. A partir de 1866, fábricas do setor têxtil passaram a se concentrar na Região Sudeste, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, cujo crescimento demonstrava a importância econômica e política da então capital.
Mas seria no final do século XIX que a indústria têxtil ganharia maior impulso, com o desenvolvimento de estradas de ferro, de portos, além do processo de acumulação de capital industrial possibilitado pela expansão da economia cafeeira. Além disso, a produção industrial também foi incentivada pela Lei Bancária de 1888, que ampliou o acesso ao crédito. A suspensão das tarifas alfandegárias sobre importação de maquinário, em especial da Inglaterra, serviu de estímulo para a criação de modernas empresas de tecelagem e fiação de algodão. Foi o setor que mais prosperou. A Crise do Encilhamento (1891) trouxe consequências para a indústria, mas não chegou a abalar o setor têxtil.
Em 1875, O Auxiliador da Indústria Nacional publicou uma longa notícia sobre a inauguração da fábrica de tecidos Brasil Industrial, localizada em Macacos (Paracambi), que contava com uma estação de trem muito próxima. O texto elogiava a qualidade dos tecidos, que nada deviam aos das fábricas inglesas de Manchester e Liverpool, destacando que era “um belo exemplo de que a indústria nacional pode competir com a estrangeira”. Cada um dos seis andares dessa grande fábrica abrigava inúmeras máquinas importadas. Só no segundo andar eram 400 teares. A Brasil Industrial contava com 230 operários, entre os quais homens, mulheres e crianças.
Outra grande empresa têxtil foi assunto de O Auxiliador, em 1885. A fábrica Rink, situada no Centro da cidade do Rio de Janeiro, possuía cerca de 200 teares, além de várias outras modernas máquinas, e empregava 365 pessoas. Foram também criadas a Companhia de Fiação e Tecidos Confiança (1885), entre os bairros de Vila Isabel e Andaraí; a Companhia Progresso Industrial do Brasil (1889), em Bangu; a América Fabril/Fábrica de Tecidos Carioca (1890), no Horto.
De acordo com o censo de 1907, existiam 22 fábricas de fiação e tecelagem no Distrito Federal e 25 espalhadas pelo estado do Rio de Janeiro, produtoras de tecidos como algodão, lã, malha, seda e rendas. Em todos esses estabelecimentos trabalhavam 8.117 operários.
Em meados da década de 1920, uma crise de superprodução cafeeira e a retração do movimento dos negócios atingiram de forma especialmente grave o setor têxtil. O mercado nacional não era capaz de absorver a produção têxtil, devido à concorrência dos produtos estrangeiros, por vezes mais baratos e de melhor qualidade. Houve uma tentativa de conquistar novos mercados na Argentina e no Uruguai, fracassada por conta da regularização da venda de manufaturados da Europa e dos EUA aos dois países. Para fazer frente às dificuldades, o CIB pediu ao governo a concessão de créditos do Banco do Brasil à indústria e lutou por uma reformulação tarifária que impedisse a entrada de produtos estrangeiros no país. Essa última iniciativa foi bem-sucedida, tendo sido atualizadas as taxas aduaneiras cobradas sobre tecidos estrangeiros.