Os últimos anos da SAIN - Da perda de prestígio a uma nova entidade

Os últimos anos da SAIN não foram fáceis. A proclamação da República representou uma mudança de rumos para o país e também para a Sociedade, composta em grande parte por monarquistas, que tinha o apoio direto do imperador Dom Pedro II. O novo governo relacionou a SAIN como um dos órgãos oficiais do antigo regime e, com isso, ela deixou de integrar o organograma do Ministério dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Além de perder o seu prestígio, em 1892, a Sociedade ficou também sem a verba de seis contos de réis que empregava no custeio de suas principais atividades.
A Revista Ilustrada, conhecida por seu posicionamento político de cunho abolicionista e republicano, em matéria publicada ainda em 1892, dizia não entender a razão da retirada das verbas do orçamento, com o qual o governo subvencionava a SAIN, ocasionando a suspensão de O Auxiliador, “velho e utilíssimo colega que já contava com 60 anos de existência” e que “prestava grandes serviços ao país”. O texto pedia “a reconsideração deste ato inqualificável do Congresso”, pois “seria de plena justiça, tanto mais agora que nossas indústrias prosperam e necessitam de um órgão especial para o próprio desenvolvimento de seus operários”. Assim como o periódico, as aulas das duas escolas (para Adultos e a Industrial) foram suspensas.
O momento era, realmente, de prosperidade industrial, mas o apoio do governo não voltou. A SAIN manteve suas reuniões nos anos seguintes, procurando defender o seu programa com o auxílio financeiro de seus associados. Contava também com o apoio do Jornal do Commercio para a divulgação de suas atividades. Em 1896, um novo número do Auxiliador foi publicado, trazendo as atas das reuniões desde 1893 e os números relativos aos meses de julho, agosto e setembro. Mas a sua esfera de atuação não era mais a mesma.
Em 1900, houve uma tentativa de rearticulação da SAIN, agora com o foco direcionado para as questões industriais. Procurou-se convocar os antigos sócios e foi feita uma campanha para obter a adesão de novos membros. Uma nova solicitação de auxílio foi encaminhada ao presidente Campos Sales para reiniciar a publicação de O Auxiliador e reconstruir a sede. O pedido foi bem acolhido, mas não houve apoio concreto por parte do governo.
Outras duas tentativas de reorganização da SAIN foram feitas em 1901 e 1902. A última foi elaborada por uma nova diretoria, liderada por Serzedelo Corrêa, um dos militares positivistas responsável pela República e ex-ministro da Fazenda. A nova diretoria propôs a criação de um órgão de classe para a representação dos industriais e um plano de ação, que previa a isenção de direitos de importação a matérias-primas destinadas à indústria. Discutiu-se a possibilidade de atuação junto ao governo, para fornecer projetos relativos a reformas tarifárias. Havia, ainda, a proposta de organização de um Congresso Industrial, no qual seriam discutidas e definidas linhas de ação para a classe empresarial. Os esforços foram frustrados.
Durante os anos seguintes, a SAIN permaneceu no ostracismo, quase inoperante. Muitos de seus mais atuantes associados já haviam falecido e outros ligados ao setor têxtil migraram para uma nova entidade, fundada em 1902: o Centro Industrial de Fiação e Tecelagem de Algodão.