O Auxiliador da Indústria Nacional - Uma publicação dedicada à indústria

Em 1833, a SAIN lançou um periódico mensal, O Auxiliador da Indústria Nacional, vendido também em um único volume com as publicações do ano inteiro. De 1833 a 1892, foram publicados 59 volumes. Após um intervalo de quatro anos foi produzido um último volume, contendo os números de julho a setembro de 1896. A publicação tinha como objetivo divulgar conhecimentos úteis ao mundo agroindustrial e “as últimas novidades no mundo das máquinas”. O periódico registrava também as atividades desenvolvidas pela Sociedade, bem como as atas das reuniões do conselho administrativo e das assembleias gerais.
Em seu primeiro número, O Auxiliador se apresentou como uma “coleção de memórias e notícias interessantes”, dirigida “aos fazendeiros, fabricantes, artistas e classes industriosas no Brasil”. De acordo com suas informações, naquele momento, a SAIN possuía em seu “museu” uma coleção de 89 máquinas; a biblioteca continha 171 volumes de várias obras e jornais científicos relativos ao tema indústria e ciência; e um dos sócios se dedicava a ensinar geografia aplicada às artes na sala do estabelecimento.
O conteúdo de O Auxiliador refletia o pensamento da SAIN e os acontecimentos de sua época. Os textos eram produzidos por seus associados ou traduzidos de autores estrangeiros, ligados a temas que poderiam interessar às “classes industriosas”, sendo que grande parte girava em torno de melhoria das práticas agrícolas, tais como: a cultura da cana e a fabricação de açúcar, as culturas do algodão, do chá, do café, entre outros. A pecuária e seus produtos derivados era outro tema bem presente: tratamento de vacas, criação de bezerros e fabrico de manteiga; diferentes métodos de “fumar” o toucinho e carne de porco.
Além da publicação da tradução de artigos de cientistas europeus, o periódico divulgava técnicas de produção do dia a dia de homens do campo e das províncias. Os artigos sobre produção manufatureira refletiam o estado da indústria naquele momento: “cera vegetal do Brasil”; “sobre o processo para se derreter o sebo e fabricarem-se velas de excelente qualidade”; “preparação de sabonetes”; “fabricação de vidro”; “fabricação de papel”... Não faltavam textos sobre máquinas do universo agrícola, mas também sobre outras máquinas que começavam a fazer parte do cotidiano brasileiro, como a locomotiva, o barco a vapor etc.
Também se discutia o progresso na indústria e os obstáculos ao seu aperfeiçoamento, que nesse caso seria a falta de instrução primária. O valor da educação e da cultura era tema constante. Outros assuntos bastante tratados foram: o protecionismo, o problema do tráfico de escravos, a necessidade de o país adotar mão de obra assalariada e a vinda de imigrantes.
A temática das exposições universais tornou-se obrigatória desde a primeira mostra em Londres, em 1851, quando elas ganharam importância no cenário mundial. A SAIN passou a organizar exposições nacionais, que seriam preparatórias da participação do país nos eventos internacionais. A partir de 1861, o Brasil pôde se orgulhar de participar lado a lado com as nações “civilizadas”. O Auxiliador da Indústria Nacional foi premiado nas exposições de Viena (1873), da Filadélfia (1876) e de Buenos Aires (1882).
O Auxiliador é uma importante fonte primária para a história social e econômica do Brasil Imperial, ao registrar quase seis décadas da história do Brasil, com o ponto de vista de homens que participaram – direta ou indiretamente – da construção do Império brasileiro, que assistiram ao seu desmoronamento e que viram nascer um país republicano.