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Escola Noturna e Escola Industrial - A SAIN e suas escolas

01/1868

Ao longo de sua existência, a SAIN propôs a criação de várias instituições educacionais, uma vez que julgava a questão da educação um fator decisivo para o progresso do país e da indústria nacional. Em 1865, o comendador Joaquim Antônio de Azevedo apresentou ao conselho da Sociedade um projeto para a criação de uma escola industrial, que preparasse homens para o trabalho nas indústrias. Azevedo ressaltava o caráter pedagógico das exposições, lembrando que a primeira exposição nacional, realizada em 1861, revelou o atraso da indústria brasileira. Havia ficado clara a necessidade de um ensino industrial que, “em muitas nações cultas”, era promovido pela iniciativa particular.

No ano seguinte, uma nova proposta foi apresentada: a criação de uma escola noturna de instrução primária que preparasse os alunos para o ingresso na escola industrial. Sobre o horário noturno, argumentou-se que tinha em vista facilitar a entrada de filhos dos operários e mesmo dos operários, que se ocupavam durante o dia com trabalho e afazeres diversos, o que os impediria de participar de cursos matinais. O projeto da escola noturna foi aprovado em assembleia geral, mas a instalação da escola industrial foi postergada.

As matrículas para a Escola Noturna Gratuita de Instrução Primária para Adultos foram abertas em 1868, destinadas a “homens livres”, maiores de 14 anos. O curso seria de quatro anos, três vezes por semana, mas a Escola teve dificuldades para atrair alunos. O comendador Azevedo, designado diretor da escola, fez um relato comovente da situação: “Esperamos, e vendo que ninguém aparecia a gozar de um benefício que gratuitamente a Sociedade oferecia, saímos a recrutar pelas fábricas e oficinas os discípulos de que precisávamos e nada pudemos obter, porque os homens tinham vergonha de ir à escola aprender o que não sabiam e de que tanto careciam”.

A escola começaria a funcionar de fato em 1870, com o apoio do engenheiro André Rebouças, que encaminhou operários que quisessem aprender um ofício. A primeira turma teve 46 alunos, com idade entre 14 e 20 anos. Havia 28 brasileiros, 15 portugueses, um alemão, um belga e um holandês. Eram carpinteiros – em maior número –, caldeireiros, ferreiros, pedreiros e serralheiros. Para seu funcionamento, a escola pôde contar com uma casa cedida pelo governo, situada na rua do Hospício, 268 (atual rua Buenos Aires).

Finalmente, em 1873, a escola industrial começou a funcionar sem muito alarde. No primeiro ano, eram 105 alunos matriculados, dos quais 91 brasileiros, 10 portugueses, um francês, um espanhol, um alemão e um “polaco”, com idade entre 14 e 40 anos. Havia aulas de gramática e composição portuguesa; francês; inglês; alemão; aritmética, álgebra e metrologia; geometria, trigonometria e estereometria; geografia geral e geografia do Brasil; e desenho linear.

A permanente preocupação da SAIN com a educação, desde os seus primeiros anos, deixava claro que essa era uma lacuna a ser preenchida pelo país e que, apesar de ser consenso, não era de fácil solução. Com as dificuldades financeiras, a Sociedade foi obrigada a fechar a escola noturna de adultos e a escola industrial, no final de 1892. Essa resolução foi decorrente do corte da verba de 6 mil contos de réis efetuado pelo Congresso brasileiro. De acordo com O Auxiliador da Indústria Nacional, em seus 22 anos de existência, as escolas da SAIN atenderam a 5.237 alunos.