Associação Industrial - Surge uma nova geração de industrialistas

Após a questão dos chapéus e dos intensos debates sobre as tarifas alfandegárias, foi convocada uma reunião “de todos aqueles que se interessassem pelo desenvolvimento do trabalho nacional”, por meio de uma circular assinada por 21 firmas industriais – algumas delas membros da seção fabril da SAIN. Na reunião, discutiu-se o problema da instabilidade da tarifa aduaneira e a urgência de uma política industrial. Decidiu-se fundar uma nova associação, que defendesse exclusivamente os interesses da indústria fabril.
Os participantes da reunião eram pessoas ligadas a fábricas de chapéus, tecidos, velas, produtos químicos, construção naval, mas havia também alfaiates, serralheiros, marceneiros, dentre outros. Tratava-se de uma nova geração de produtores – chamada de a primeira geração de industrialistas do Brasil – que, com sua movimentação, refletiam um crescimento significativo do setor.
Assim foi criada a Associação Industrial em 1880, com o objetivo de dinamizar o desenvolvimento da indústria nacional e defender os interesses da classe. À frente do movimento estava Antônio Felício dos Santos, um dos fundadores da fábrica de tecidos Pau Grande (1878), que assumiu a presidência da Associação. Participaram também da direção Francisco Antônio Maria Esberard, da fábrica Vidros e Cristais do Brasil, Hernique Leuzinger, da Leuzinger & C. (tipografia, encadernação e papelaria), entre outros. A nova associação não demorou a agir, lançando um manifesto e um periódico, chamado O Industrial, um ano após a sua criação, em maio de 1881.
O manifesto retomava a discussão sobre a necessidade de defesa da indústria nacional e criticava a tese da vocação agrária do Brasil, defendida por muitos. Seria através da indústria que o Brasil obteria a independência econômica e conseguiria resolver os seus problemas: atrairia braços e capitais estrangeiros; geraria novos empregos para a população urbana; livraria o país da vulnerabilidade da economia praticamente monocultora; seria ainda possível abastecer o mercado com produtos nacionais, diminuindo as importações e aliviando a balança comercial.
O lúcido diagnóstico do manifesto, porém, só encontraria eco anos mais tarde. A questão das tarifas aduaneiras permaneceu também nas páginas de O Industrial, discutindo a questão protecionismo versus livre-cambismo. Eleito deputado pelo Partido Liberal, Felício dos Santos renunciou à presidência da Associação para se dedicar à defesa da indústria no Congresso. Mais tarde, com a República, participou do governo de Floriano Peixoto. Contudo, a Associação Industrial teve curta duração. Há controvérsias se teria existido por apenas três anos ou, como novos estudos afirmam, teria durado até 1888.