O Brasil tem petróleo e refino! - Das buscas à primeira refinaria

As pesquisas de petróleo no país começaram em meados do século XIX, mas sua exploração estava associada à busca por outros minerais, como o xisto e o carvão. Com a República, o governo passou a dar mais atenção à questão da propriedade do subsolo, adotando nova legislação. O interesse pelo petróleo cresceu após a primeira grande guerra, quando houve um aumento vertiginoso de consumo dessa fonte de energia no mundo inteiro.
O abastecimento interno do Brasil era feito por companhias petrolíferas estrangeiras instaladas no país desde a década de 1910, tais como Standard Oil Company of Brazil (antiga Esso, atual ExxonMobil) e a Anglo-Mexican Petroleum Products Co. (mais tarde, Shell). A intensificação do processo de industrialização na década de 1930 elevou significativamente o volume das importações de petróleo, que começavam a pesar no balanço de pagamentos do país.
As buscas por petróleo continuaram por todo o território nacional, tendo o escritor e empresário Monteiro Lobato como um de seus entusiastas. Ele chegou a criar a Companhia Petróleo Nacional (1932) e escreveu um livro infantil ""O poço do Visconde (1937)"", que despertou o interesse de toda uma geração pelo tema. Com as notícias da existência de petróleo no Recôncavo Baiano e a polêmica em torno da questão, o governo resolveu criar em 1938 o Conselho Nacional de Petróleo para acompanhar as atividades. A descoberta foi confirmada no ano seguinte, ampliando ainda mais o debate sobre a nacionalização dos bens do subsolo nas páginas dos jornais. Na década de 1940, essa discussão tomou conta do país na forma da campanha “O petróleo é nosso!”.
Pioneira nesse setor, a Refinaria Petróleo Rio-Grandense, em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, já refinava petróleo desde 1937. Constituída por sócios brasileiros, argentinos e uruguaios, a Ipiranga S.A. Companhia Brasileira de Petróleos importava óleo e o refinava em suas instalações. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a refinaria se viu obrigada a paralisar suas operações, retomadas apenas em 1946. A pequena e modesta refinaria gaúcha deu continuidade aos seus trabalhos, aperfeiçoando suas instalações. Aos poucos, a Ipiranga cresceu e expandiu seus negócios, enfrentando as adversidades do contexto nacional. Hoje é uma das maiores empresas do segmento de distribuição de combustíveis no Brasil, pertencente ao Grupo Ultra. Possui cerca de 7.200 postos em todo o território nacional, ofertando desde combustíveis e lubrificantes até produtos de conveniência, serviços automotivos e troca de óleo. A Ipiranga tem sede no Rio de Janeiro e possui escritórios e bases de distribuição por todo o país.