Centro Industrial do Rio de Janeiro - A FIRJ passa a se chamar CIRJ

A década de 1940 marcaria novas mudanças para a Federação das Indústrias. A aquisição de uma sede social própria, desejo antigo de seus associados, foi realizada em 1940. As novas instalações eram bem mais amplas, ocupando todo o 8º andar na rua México, 168. No entanto, em 1947, a sede seria transferida para a avenida Calógeras, 15, onde funcionaria com a Confederação Nacional da Indústria.
Um novo decreto, em 1939, definiu que os sindicatos deveriam se organizar em três categorias: os de 1º grau, categoria econômica; os de 2º grau, as federações; e o 3º grau caberia às confederações de âmbito nacional. Novamente, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJ) se viu sujeita a alterar sua denominação, uma vez que o termo “federação” passava a ser de uso exclusivo das associações sindicais de segundo grau, ou de âmbito estadual. A mudança foi realizada em assembleia geral em agosto de 1941. A FIRJ passou a se chamar Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ), e uma reforma foi promovida em seus estatutos. Já a Federação dos Sindicatos da Indústria do Distrito Federal (FSIDF) adotou o nome de Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJ), posto que o decreto previa que as federações seriam constituídas por estados.
O decreto ainda proibia o funcionamento de associações que não estivessem integradas ao sistema oficial do governo e determinava que só houvesse um sindicato para cada atividade profissional. As associações civis seriam permitidas excepcionalmente, mediante uma autorização do ministério. Por isso, o CIRJ pôde continuar a existir, paralelamente à FIRJ; a primeira como uma entidade civil e a outra como uma entidade sindical.
As duas entidades eram comandadas pelo mesmo presidente que, nessa ocasião, era Euvaldo Lodi. Apesar de funcionarem paralelamente, ambas eram juridicamente independentes. Como uma sociedade civil e autônoma, o CIRJ poderia atuar com mais liberdade. Euvaldo Lodi teve um papel de destaque na história dessas instituições, sendo reeleito várias vezes para a presidência até 1954. Formado pela Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto, Lodi integrou a Comissão Nacional de Siderurgia, foi presidente do Centro Industrial de Juiz de Fora (MG) e membro do conselho diretor da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJ) entre 1931 e 1936. Desde 1938, Lodi era presidente da Confederação Nacional da Indústria.
Em 1943, o CIRJ foi considerado órgão técnico e consultivo do estado nas questões pertinentes aos interesses da indústria, por meio do Decreto nº 11.493. Além dessa atividade, o Centro deveria investigar as questões e os problemas técnicos relativos à organização do trabalho industrial e resolver, quando solicitado, as dúvidas e dissídios concernentes ao trabalho no fábrica. Ou seja, era um órgão atuante em relação à mão de obra.
O Centro também promovia debates sobre temas relativos à economia nacional, em reuniões periódicas com os seus associados. A crise originada pela Segunda Guerra Mundial era tema constante das entidades, que se organizaram para estudar os seus efeitos e problemas no I Congresso Brasileiro de Economia, realizado no Rio de Janeiro, em 1943.
No ano seguinte, em São Paulo, foi a vez do I Congresso Brasileiro da Indústria, organizado por Roberto Simonsen, para discutir os problemas da indústria nacional e da defesa do trabalho, além de questões de ordem prática, como legislação trabalhista, reforçada com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), promulgada em 1943. Outro evento marcante dessa época foi a I Conferência Nacional das Classes Produtoras, realizado em Teresópolis, em 1945, onde se elaborou a Carta Econômica de Teresópolis, documento que procurava orientar a atuação do empresariado nacional.
Em Araxá, em 1949, durante a II Conferência Nacional das Classes Produtoras, foram organizadas comissões para examinar as principais atividades produtivas do país e identificar problemas correlatos ao tema: agropecuária; produção industrial; transporte; capitais, créditos e bancos; política comercial; regime fiscal; controle do governo na economia; educação profissional, serviço social e relações de trabalho. Cada comissão elaborou estudos, com recomendações aos poderes públicos, mas também aos próprios representantes das áreas, que se comprometeram em colaborar.
Sobre a produção industrial, destacou-se a necessidade de desenvolvimento do setor energético e de combustíveis, bem como o reequipamento e a ampliação do parque industrial, para o crescimento econômico do país e a melhora do nível de vida da população. Além do pioneirismo, todos esses encontros procuravam definir as diretrizes da ação empresarial.