Celulares chegam ao Brasil

A primeira cidade brasileira a dispor de telefonia celular foi o Rio de Janeiro, em 1990, inovação tecnológica que viria a transformar radicalmente a comunicação. O primeiro modelo disponível, apelidado de “tijolão”, media 22,8 centímetros de altura, pesava 348 gramas e estava muito distante do conceito de smartphone atual. No ano seguinte (1991), o sistema começou a se expandir para outras cidades, como Brasília, Campo Grande, Belo Horizonte e Goiânia. Somente em 1993 São Paulo passou a contar com a telefonia móvel, marcando a consolidação da tecnologia em centros urbanos estratégicos.
Pouco mais de dez anos após a estreia do celular no Rio de Janeiro, o número de usuários de telefonia móvel ultrapassou o de assinantes da telefonia fixa. Esse marco foi simbólico: a mobilidade começava a superar a tradição da comunicação doméstica e empresarial centralizada.
Ao longo do tempo, a expansão da telefonia celular foi acompanhada de um movimento de democratização do acesso. A posse de aparelhos cresceu de forma acelerada e alcançou todas as camadas da sociedade, com destaque para a redução das desigualdades regionais, a ampliação do uso em áreas rurais, a adesão crescente entre idosos e a consolidação do celular como ferramenta presente entre diferentes grupos sociais e raciais. Apesar disso, persistem bolsões de exclusão digital, lembrando que a popularização não ocorreu de forma totalmente homogênea.
Segundo a Anatel, em 2025 o Brasil já contabilizava 264,7 milhões de linhas móveis ativas, número superior à população total do país, estimada pelo IBGE em 212,5 milhões de habitantes (2024). Essa discrepância demonstra não apenas a massificação do celular, mas também a multiplicação de chips por usuário, reflexo do avanço da internet móvel, dos planos variados e da necessidade de múltiplas linhas. O Rio de Janeiro não apenas foi pioneiro na adoção da telefonia celular no Brasil, mas também simboliza o início de um processo que transformou o país em um dos maiores mercados mundiais de telecomunicações. De um aparelho pesado e caro, restrito a poucos usuários, chegamos a um cenário de hiperconectividade, em que os celulares são plataformas de trabalho, lazer, consumo e inclusão social.