Fórum de Moda - FIRJAN Entra na Moda

No final da década de 1990, o setor de indústria têxtil e de confecção fluminense apresentava sinais de recuperação. A produção têxtil havia crescido moderadamente entre 1990 e 1999 e a produção de confeccionados, incluindo vestuário, acessórios, linha lar e artigos técnicos, no mesmo período, registrara um crescimento em torno de 7% ao ano. Por outro lado, o consumo apresentava um movimento de expansão significativo. Para dar apoio ao processo, no ano 2000, a FIRJAN criou o Fórum Empresarial da Moda, com o objetivo de debater os principais problemas do segmento, além de integrar e direcionar as atividades do setor.
No lançamento do Fórum, a FIRJAN enfatizou as medidas tomadas pela entidade para o desenvolvimento do setor, como a reversão das ações antidumping contra os produtos asiáticos e a implementação do Programa de Design, destacando a criação do Núcleo de Design (Nads), especializado em moda e localizado em Nova Friburgo.
Mobilizados pelo Fórum, uma das primeiras ações dos empresários foi o pedido de uma linha de crédito para investimentos ao BNDES, uma vez que o parque industrial já contava com 25 anos e precisava modernizar-se. Com esse investimento, que chegava a R$ 300 milhões, também seria possível aumentar a competitividade da indústria e gerar mais de 100 mil empregos.
Na época, o Rio de Janeiro contava com 6 mil confecções, que empregavam 50 mil pessoas, um dado pessimista, pois o número de empregados chegava a 140 mil oito anos antes. Também foram apresentadas outras medidas para o benefício do setor: a obtenção de incentivos fiscais – a exemplo da redução do ICMS para as empresas do norte fluminense –, recursos para capital de giro com prazo de pagamento de até 12 anos, com juros de 4,5% a 6,5% ao ano e redução de cargas tributárias para empresas que importassem máquinas e equipamentos destinados ao aumento da produção.
A indústria da moda era a que mais empregava, mas o governo parecia não reconhecer sua importância. Nesses últimos anos da década de 2010, os problemas enfrentados pelo setor, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário do Rio de Janeiro e Grande Rio (SINDIROUPAS) da época, se davam pela abertura do mercado e como resultado da legislação trabalhista, que “sufocava as microempresas com a quantidade de encargos sociais”. A flexibilização das leis e um tratamento especial fariam com que a indústria da moda, composta majoritariamente por micro e pequenas empresas, se visse obrigadas a fechar as portas, a exemplo do que aconteceu na Itália, então referência na área. Foi apenas com a desvalorização do real que o setor voltou a crescer. O aumento do dólar fez com que as importações caíssem e com que as empresas se concentrassem no mercado interno. Era a oportunidade do Rio de Janeiro de voltar a ser a capital da moda do país.