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Zulfo de Freitas Mallmann

Presidiu a FIRJ, depois FIDF e FIEGA, instituiu a campanha de produtividade nas empresas e lutou pela fusão do Estado da Guanabara com o do Rio de Janeiro. Faleceu no dia 13 de julho de 1989.
Publicado em 18/09/2025 - Atualizado em 17/10/2025 12:41
Zulfo de Freitas Mallmann. Crédito: Acervo Firjan
Zulfo de Freitas Mallmann. Crédito: Acervo Firjan

Filho de Zeferino Rodrigues Mallmann e de Amália de Freitas Mallmann, Zulfo de Freitas Mallmann nasceu em Porto Alegre no dia 17 de agosto de 1900. Seu avô materno, Vasco de Freitas, lutou na Guerra do Paraguai e seus avós paternos eram alemães. Estudou no Colégio Anchieta, instituição jesuíta. Formou-se em contabilidade no curso comercial de contabilidade em sua cidade natal.

Após concluir os estudos, passou a ser sócio e foi diretor da empresa de seu pai, a firma de calçados Z. Mallmann e Filho. Foi também presidente da Cia. Drogaria Vasco. Chegou ao Rio de Janeiro no final da década de 1920.

Zulfo Mallmann teve atuação fundamental na organização e modernização da indústria no Rio de Janeiro e no Brasil ao longo do século XX, contribuindo para a criação da Federação Industrial do Rio de Janeiro (FIRJ) e do Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ). Integrou órgãos nacionais ligados à regulação de preços, tributação e segurança nacional. Liderou a FIRJ, depois Federação das Indústrias do Distrito Federal (FIDF) e Federação das Indústrias do Estado da Guanabara (FIEGA), além do CIRJ, Serviço Social da Indústria (SESI) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Promoveu campanhas de produtividade e concursos operário-padrão, defendeu a livre iniciativa e a abertura ao capital estrangeiro.

ATUAÇÃO SINDICAL E NA FEDERAÇÃO

No final da década de 1920, quando morava no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, ingressou nas associações de classe, participando ativamente do movimento de organização do empresariado carioca, que em 1937 resultaria na formação da FIRJ e, em 1939, na criação do CIRJ.

Em sua trajetória associativa, foi presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Químicos do Estado da Guanabara, do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Rio de Janeiro e membro do Conselho Fiscal da Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes, da Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica e da Associação Comercial do Rio de Janeiro, e membro da American Chamber of Commerce for Brazil.

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Em 1946, durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, participou da Comissão Central de Preços que visava a acabar com a crise de abastecimento que afetou os principais centros urbanos do país período pós-guerra. As ações da comissão tentavam controlar a atuação de atravessadores e especuladores de gêneros e mercadorias. Porém, por conta de pressões Confederação Nacional do Comércio (CNC) e de outras entidades empresariais, não apresentaram o resultado esperado. Em 1950, participou do segundo conselho de contribuintes do Ministério da Fazenda e da Comissão de Estudos de Estocagem do Conselho de Segurança Nacional.

Mallmann ocupou a vice-presidência da FIRJ no biênio 1952-1953. No ano seguinte assumiu a presidência da federação que, em 1955, passou a ser chamada de FIDF, e em 1960 mudou novamente de nome para FIEGA. Foi presidente de 1954 a 1964, e neste período acumulou ainda a presidência do Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ), a direção regional do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Foi também delegado junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Na sua gestão na federação e no CIRJ, instituiu a campanha de produtividade, com o objetivo de racionalizar os métodos de trabalho que as indústrias utilizavam. Em conjunto com o jornal O Globo criou o concurso operário-padrão.

Em 1957, o CIRJ e a FIDF defenderam na III Reunião Plenária da Indústria, realizada em Recife, a criação de um Banco de Desenvolvimento Industrial como um meio de aumentar o crédito ao setor e incrementar as atividades industriais no Brasil. Apesar de um estudo e um anteprojeto com os estatutos do banco e sua organização interna terem sido elaborados, a ideia não foi adiante.

Após a mudança da capital para Brasília em 1960, lutou pela fusão do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, na época o movimento não teve êxito.

Em contraponto ao pensamento nacionalista que propunha reformas estatizantes, Mallmann era um forte defensor da livre empresa e defendeu a participação do capital estrangeiro no desenvolvimento da economia nacional. Em um movimento ousado, em 1960, se posicionou contra grandes aumentos salariais às vésperas de eleição. Entre abril e setembro de 1961, depois do afastamento do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Lídio Lunardi, acusado de irregularidades na administração das contas do SESI, fez parte da junta que dirigiu a entidade ao lado de José Vilela de Andrade Júnior e Osmário Martins Ribas,

Mallmann apoiou o movimento militar, inclusive de forma financeira na fase pré-golpe, concretizado no dia 31 de março de 1964.

Ainda em 1964, deixou a presidência da FIEGA. Entre 1966 e 1977, foi vice-presidente da CNI. Recebeu ainda o cargo de presidente de honra do CIRJ e da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que nasceu da fusão da FIERJ com FIEGA em 1975.

Participou de inúmeras conferências internacionais como: a Conferência de Comércio e Emprego (Genebra, Suíça, 1947) e a Conferência Pan-Americana do Bureau Internacional do Trabalho (Petrópolis, RJ, 1952); foi chefe da delegação patronal brasileira na 36ª Conferência do Bureau Internacional do Trabalho (Genebra, 1953), integrou a delegação brasileira à Conferência do Conselho Interamericano de Comércio e Produção (Montevidéu, Uruguai, 1953); foi conselheiro da Conferência dos Ministros da Fazenda Americanos (Petrópolis, 1954); participou da Conferência do Conselho interamericano de Comércio e Produção (Lima, Peru, 1955); foi o representante dos empregadores brasileiros na XXXIX Conferência Internacional do Trabalho (Genebra, 1956) e membro da delegação brasileira na Conferências do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) em 1958, 1959, 1963 e no período 1968-1971; participou da delegação do CIRJ/FIDF na Conferência Internacional de Investimentos (Belo Horizonte, 1959); e da Conferência da Indústria Química e Farmacêutica (Genebra, 1962).

Foi presidente da Cia. Produtos Químicos — Comércio e Indústria S.A., da Cia. Imobiliária Independência e da Cia. de Confecções Conga S.A.; diretor comercial e diretor vice-presidente dos Laboratórios Silva Araújo Roussel S.A.; diretor do Banco do Rio de Janeiro, da Cia. Continental de Seguros e da S.A. Seguros Gerais Lloyd Industrial; diretor-presidente da Cia. Químico Produtos Químicos S.A.; membro do conselho fiscal da Opevê S.A. (Organização de Propaganda e Vendas, da Cia. Estadual do Gás do Estado da Guanabara), e membro do conselho de administração dos Supermercados Peg-Pag, todas as empresas no Rio de Janeiro, a exceção da última com sede em São Paulo.

Casado com Alda de Azambuja Mallmann, Zulfo morreu no dia 13 de julho de 1989.

Fontes:

CARONE, Edgard. O Centro Industrial do Rio de Janeiro e sua importante participação na Economia Nacional (1827-1977). Rio de Janeiro: Editora Carone, 1978.

CPDOC FGV. Perfil de Zulffo de Freitas Mallmann. Disponível em: https://www18.fgv.br/CPDOC/acervo/dicionarios/verbete-biografico/mallmann-zulfo. Acesso em: 3 jun. 2025.

FIRJAN. Modernizando a gestão – CIRJ e FIRJ: adaptação e crescimento. Disponível em: https://www.firjan.com.br/memoria-da-industria/card/modernizando-a-gestao-cirj-e-firj-adaptacao-e-crescimento-firjan.htm. Acesso em: 3 jun. 2025.