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Victor Misquey

Empresário do ramo da moda está na Firjan desde 1994 e participou de ações importante para o desenvolvimento do setor como a criação do Fashion Rio. É presidente do Moda Rio.
Publicado em 02/06/2025 - Atualizado em 17/10/2025 12:37
Victor Misquey no dia 10/07/2023. Créditos: Vinícius Magalhães/ Acervo Firjan

“Sou apaixonado pelo chão de fábrica. Gosto de ir à fábrica e ver o sistema funcionando. Hoje eu conheço tudo, conheço cada metragem, cada operação, conheço tudo dentro de uma confecção.” 

Victor Misquey em entrevista ao Memória da Indústria

Filho de imigrantes libaneses, Victor Antônio Miquey nasceu no dia 02 de agosto de 1936 no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Seu pai, Antônio Negem Misquey, era comerciante e sua mãe, Maria Negem Misquey, era dona de casa. Estudou na Escola Silva Telles e no Instituto Lafayette. Foi trabalhar com o pai no ramo de confecções quando tinha 14 anos.

- O meu pai trabalhava na Rua dos Inválidos, 14. Tinha uma loja com o nome Caseador Metro. Fazia casas de camisa que ninguém fazia no Rio de Janeiro. Era o único lugar que os confeccionistas, os que faziam sob medida, iam lá casear. Nós tínhamos máquinas da Singer e ele caseava as camisas e eu convivia muito com isso. Eu conheci todo esse mundo e comecei a tomar gosto. Foi aí que eu comecei a trabalhar. – contou Misquey.

Após o início na loja da família, Misquey trabalhou na confecção de um amigo por cerca de três anos e depois voltou para a empresa do seu pai e de seu irmão Negem Misquey. Ficaram juntos por 10 anos quando ele resolveu seguir o próprio caminho.

- Saí da sociedade, fiquei com a lojinha da Rua dos Inválidos e eles ficaram na Rua Visconde do Rio Branco. Fiquei com as máquinas na separação e comecei a trabalhar, confeccionar e fazer o varejo. Aí, depois de quatro, cinco anos, eu fui para a [Rua] Sacadura Cabral, num sobrado, onde eu fiz a minha indústria. Eu já estava expandindo. Comecei a pegar clientes importantes, Casas José Silva, Casa Tavares, Esplanada, outras casas. – relembra.

Em 1967, Misquey fundou a empresa FredVic no Rio de Janeiro considerada por muitos a melhor camisa fabricada no Brasil. A fábrica empregava 250 pessoas e, em 1998, abriu uma filial em Minas Gerais, na cidade de Rio Pomba, que contava, na época, com 82 profissionais. A FredVic chegou a exportar a sua linha de camisas para a Argentina e Estados Unidos.

A ASSOCIATIVISMO E ATUAÇÃO NA FIRJAN

Em 1994, Misquey se torna presidente do Sindicato da Indústria de Alfaiataria e Confecção de Roupas de Homem de Niterói (Sindiroupas) e, com isso, entra no Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Em 2012, o Sindiroupas passou a ser chamado de Sindicato das Indústrias do Vestuário do Rio de Janeiro e Grande Rio (Moda Rio). Misquey foi presidente do sindicato entre os anos de 1994 e 2024. Na Firjan, ele participou da Diretoria da Firjan, do Conselho Fiscal e do Fórum Setorial da Moda, de 2016 a 2020. 

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No ano de 2002, participou da criação de um dos maiores eventos nacionais do setor: o Fashion Rio. O evento, que teve a Firjan como um de seus idealizadores, foi um marco para o Brasil e para o estado. Durante os dois primeiros anos de Fashion Rio, Misquey integrou reuniões com importantes agentes da moda no Rio.

- Em 2002, foi lançado o Fashion Rio. A Firjan explodiu. O Fashion Rio era um sucesso absoluto e fizemos grandes edições (...) foi um sucesso, até fora do Brasil. Havia gente de fora, de todo mundo. Os desfiles, as palestras, foi um movimento muito grande, um sucesso absoluto. O Rio de Janeiro viveu uma áurea, uma época linda de movimento de moda. – recorda. 

Ele ressalta que apesar do fim do evento, a marca Fashion Rio permanece no imaginário afetivo das pessoas e a cidade não perdeu relevância quando o assunto é lançar tendências. “As vitrines do Rio de Janeiro é que comandam a moda. Elas estão aqui, os estilistas estão aqui, o gosto da moda está no Rio de Janeiro”, ressalta.

Duas homenagens marcaram o empresário: em 2005, ele recebeu a Medalha do Mérito Industrial do Rio de Janeiro e, em 2023, passou a fazer parte do Conselho de Eméritos da Firjan.  

- Eu sempre fui um homem de confecção. Não sou um especialista em moda. Eu conheço a moda, conheço tudo (...). Eu sou um confeccionista. Então, essa honra ao mérito industrial veio muito bem e eu me senti compensado por isso. Eu acho que eu mereci por ser um confeccionista, que trabalhou pelo Rio de Janeiro e dentro da Firjan muitos anos. Eu estive 65 anos dentro das confecções.

"Foi bom participar da Firjan, foi ótimo. Eu trago isso na alma. Eu falo isso com o maior gosto, como se eu estivesse dentro de confecção, como se eu tivesse 30 anos de idade. Por isso eu venho aqui com essa disposição. Não veterano, nada disso, estou aqui para existir como eu sou dentro de uma confecção."  

Victor Misquey em entrevista ao Memória da Indústria 

Fontes:

Entrevista de Victor Misquey ao Projeto Memória da Indústria realizada em 06 de fevereiro de 2024; Carta da Industria, junho de 2004