Rubens Muniz
O empresário e engenheiro foi presidente e vice-presidente do Conselho Regional da Firjan Sul Fluminense, lutou pela implementação do SENAI Barra do Piraí e foi peça importante no processo de interiorização da Firjan. Desde 2023, integra o Conselho de Eméritos da Firjan.
“Acho que todos nós temos obrigação de ter opinião sobre as coisas e temos que ter liberdade para ter as opiniões que entendermos a melhor. Mas quem decide fazer tem que escutar outras opiniões.”
Rubens Muniz em entrevista ao projeto Memória da Indústria
Rubens Muniz nasceu em Barra do Piraí, no Sul do estado do Rio de Janeiro, em 25 de agosto de 1940. Ainda criança, mudou-se para Floriano, distrito de Barra Mansa, também na região Sul fluminense, onde seus pais, Geraldo Muniz e Nair Rocha Muniz, trabalhavam juntos em um restaurante. Aos 10 anos, foi estudar no colégio interno São Joaquim, na cidade de Lorena, em São Paulo e, em 1957, retorna ao Rio de Janeiro onde ingressa no Colégio Naval em Angra dos Reis, formando-se Oficial da Marinha em 1961.
- Eu pretendia ser engenheiro naval, mas como eu tinha problemas de acuidade visual não podia ser do corpo da armada nem do corpo de fuzileiros. Eu tive que ser intendente e não tinha a opção de ser engenheiro naval. Me formei, fiz a viagem de circunavegação. Visitamos 25 países da África e levamos no navio uma exposição de produtos brasileiros para os países do continente. Na volta, fiz um aperfeiçoamento na parte de informática. A Marinha foi uma das primeiras instituições que comprou um computador da IBM e instalou em uma sala enorme. Era um equipamento imenso com pouca capacidade. – contou em entrevista ao Memória da Indústria.
Rubens ingressou na PUC-Rio em 1967, onde se formou engenheiro civil. Trabalhou como engenheiro de solo na empresa Geotécnica, inicialmente na fundação de prédios e depois com contenção de encostas. Participou da construção da barragem do Rio Janones, na Bahia e da obra da Ponte Rio-Niterói.
“Trabalhei cinco anos na parte de controle tecnológico de materiais e das fundações [da Ponte Rio-Niterói]. Ali eu aprendi muita coisa. Me tornei um engenheiro porque eu sempre gostei de engenharia de campo, tanto na barragem quanto na ponte. Trabalhei bastante tempo em obras.”
Rubens Muniz em entrevista ao projeto Memória da Indústria
Com o falecimento de seu pai, voltou para Barra de Piraí. Neste momento, sua família era dona de uma empresa de ônibus que fazia as linhas da cidade para o Rio de Janeiro e para Volta Redonda. Rubens e seu irmão Luís Geraldo Muniz venderam a companhia e, com o recurso, construíram a Quimvale e compraram duas fazendas em 1972. Rubens trabalha até hoje em uma delas e a outra, na Fazenda São João da Prosperidade, é um local histórico que remete ao início do ciclo do café na região e está aberta a visitação pública.
- Empresa de ônibus é uma atividade de muito risco. (...) Mas, na época, tinha bom rendimento. A gente resolveu sair e procuramos o setor da indústria química, que nos agradou porque o carbonato é uma matéria prima para indústrias de papel, de borrachas, de tintas. É um produto inerte com base no calcário que a gente calcina e depois sintetiza, cria um pó branco que serve de enchimento pra diversos produtos, inclusive para a indústria farmacêutica e a alimentícia. É um produto neutro e inodoro, e tem uma grande procura. E a gente, hoje, trabalha basicamente para indústria de tintas e para a de creme dental.
ATUAÇÃO NA FIRJAN
Rubens Muniz começa sua trajetória na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) em 1984. Neste ano, através do Sindicato da Indústria Química (Siquirj), ele entrou no Conselho Regional da Firjan no Sul Fluminense.
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- Quando eu comecei, [a Firjan] era focada 100% na cidade do Rio de Janeiro. Aí foi criada uma representação regional aqui em Resende. Eu entrei na Firjan como membro do conselho dos empresários. Depois fui ser presidente [do CIRJ Sul Fluminense]. Na época, o doutor Arthur João Donato era o presidente, uma pessoa que se tornou minha amiga. Me envolvi muito com o trabalho junto com o doutor Donato, que definiu essa política de interiorização. Agora, as representações regionais da Firjan no interior são bastante possantes, são poderosas. Na nossa época era um escritoriozinho que não tinha nada.
“Um dos papéis importantes dos sindicatos empresariais e da Firjan é essa articulação para superar as dificuldades inerentes ao trabalho da indústria.”
Rubens Muniz em entrevista ao projeto Memória da Indústria
Nas ações de interiorização da Firjan, Muniz participou da implementação da Firjan SESI de Resende e de Barra do Piraí, que junto com as unidades instaladas em outras regiões, foram importantes para o crescimento do sistema e da própria Federação.
- Eu tenho um orgulho grande de ter ajudado a implantar a Firjan SENAI [na região]. Eu fui outro dia visitar a Firjan SENAI em Barra do Piraí. Fiquei encantado. Três mil alunos sem ter uma parede pichada, todos uniformizados direitinho, todos com brilho nos olhos. Eles tinham projetos. Fiquei empolgado com a facilidade de os alunos falarem, da dedicação.
Rubens fez parte do Conselho Regional da Firjan no Sul Fluminense de 1984 a 2019. Entre 1990 e 1996 foi presidente e, de 2015 a 2017, vice-presidente. Nos anos de 1990, também exerceu a presidência do Conselho das Representações Regionais Firjan/CIRJ. Esse Conselho de Representantes foi responsável pela troca de experiências, discussões e ações de fomento para o desenvolvimento industrial considerando os anseios do interior do estado. O empresário também foi vice-presidente da diretoria do CIRJ entre 2013 e 2016.
- As representações regionais do interior ficaram muito fortes porque nós passamos a ser porta-vozes dos empresários junto à FIRJAN e junto à política regional.
Rubens Muniz em entrevista ao projeto Memória da Indústria
Em 1988, Rubens foi agraciado com a Medalha do Mérito Industrial e, em 2023, passou a integrar o Conselho de Eméritos da Firjan.
- Eu valorizo muito a Firjan. Dediquei muito tempo a ela. Acho que a Firjan tem que procurar saber o que está acontecendo com cada empresa, cada dificuldade e atrair investimentos para que a gente possa gerar emprego e melhorar a vida da população. O caminho é esse, o da livre iniciativa, de correr o risco de uma forma técnica, protegida, porque ninguém pode ser aventureiro também. Acho que a Firjan tem um papel importante na atração dos investimentos e para fazer que os governos entendam o que é necessário para o desenvolvimento da população, da felicidade das pessoas, permitindo que elas cuidem dos seus filhos, que trabalhem e que tenham rendimentos.
Fontes:
Entrevista de Rubens Muniz ao Projeto Memória da Indústria/FIRJAN, realizada em 01 de agosto de 2024; Linkedin Rubens Muniz, disponível em https://www.linkedin.com/in/rubens-muniz-muniz-16bb9a2a/, acessado em 28/11/2024; Site https://siquirj.com.br/, acessado em 29/11/2024; Site da Fazenda São João da Prosperidade, disponível em https://www.fazendaprosperidade.com.br/; acessada em 04/12/2024; Carta da Indústria de 25/05/ 2001.