Roberto Leverone

"Transformei-me em um brasileiro. Hoje, me sinto mais brasileiro do que argentino. Pasmem, no futebol torço pelo Brasil contra a Argentina. Uma vez estava em Jacarepaguá, e vieram meus sobrinhos, eram todos argentinos. Disse: vou para a casa do meu vizinho para assistir o futebol lá porque vou torcer pelo Brasil.” 

Roberto Leverone ao Memória da Indústria

Argentino, nascido no dia 09 de fevereiro de 1937, em San Isidro, na província de Buenos Aires, Roberto Leverone é filho de Francisco Leverone e Emma Ernesta Duviel de Leverone. Frequentou um colégio de padres salesianos, com uma educação rigorosa. Começou a trabalhar aos 14 anos de idade em sua cidade natal.

- Meu primeiro trabalho era de boy. Trabalhei um ano levando e trazendo mensagens de um escritório de importação e exportação. Com 15 anos, fui para uma indústria de fabricação de meias. E com 16 anos me botaram para tomar conta de uma mini chefia de um setor de filamentos. Depois fui auxiliar do contador – contou Leverone ao Memória da Indústria.

Fez segundo grau técnico em contabilidade e prestou serviço militar como agente da Polícia Federal, na Argentina, dividindo seu tempo com a chefia do escritório na fábrica. Após assistir com um amigo o filme Hasta Siempre Itália (1957), do diretor Antonio Pietrangeli, que conta história de três moças que pegam carona e viajam pelo norte italiano, resolveu que queria conhecer o mundo. Após completar a maioridade e deixar a polícia, veio para o Brasil. Chegou em terras brasileiras aos 22 anos no dia 31 de março de 1959.

Logo nos primeiros anos no país, foi convidado pelo Governo Brasileiro para conhecer as obras da futura capital, Brasília, chegou a dormir na sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi sócio de uma farmácia no Rio. Aos 28 anos foi eleito presidente de uma associação de farmácias do Centro e Zona Sul do Rio de Janeiro. Entre 1972 e 1980, dirigiu uma indústria alimentícia. O início do Grupo Floc ocorreu de forma curiosa em 1988. Um contador que trabalhava para Renato Aragão, o “trapalhão” que vivia o Didi nas tardes de domingo na TV Globo, o chamou para avaliar a proposta de uma fábrica de brinquedos que desejava ter o comediante como sócio. Leverone apontou os riscos e o artista decidiu não entrar no negócio. Porém o empresário se interessou e a adquiriu.

- Era uma empresa que na época tinha nove empregados porque já tinham demitido alguns. Ela estava toda errada, toda a tecnologia errada. E era dentro de um segmento que não conhecia. Comecei a aprender. Sou bom de fazer perguntas. Uns seis anos depois, já éramos líderes desse segmento de brinquedos de látex, mordedores, que toda criança tinha. Tinha licença da Disney, do Maurício de Sousa, da Hanna Barbera. Tinha todas as licenças. Aí, a empresa deslanchou. – relembrou.

Em 1993, para expandir as atividades, adquiriu uma área industrial em Magé. Seis anos depois, o Grupo Floc marcou sua entrada no setor têxtil ao iniciar a produção de fantasias em pequena escala, com uma marca consolidada até hoje, a SPOOK. Com o tempo, essa produção aumentou significativamente, atendendo às principais redes de varejo. Observando o potencial do mercado têxtil, em 2005, fundou a Floc Têxtil, especializada na fabricação de t-shirts e camisas pólo.

Leverone é casado com Neusa Barroso Leverone com quem teve dois filhos Elaine e Roberto, que hoje atuam na empresa. "Tenho um sentimento de obra realizada, de uma família integrada, dois filhos sucessores, já ativos, que me permitem viajar bastante. E agradeço a todas as pessoas que, nessa caminhada, estiveram ao meu lado. Você não consegue sozinho. Eu consegui por amizade, por carinho, por ter conseguido ter esse carinho e essa amizade deles", revelou.

ATUAÇÃO NA FIRJAN

“Sou FIRJAN cem por cento. Já fui convidado para outras atividades. Digo, não. Se não é a favor da FIRJAN, não participo.” 

Roberto Leverone ao Memória da Indústria

Leverone se associa ao Sindicato Moda Rio no início dos anos de 1990. Em 1998 se associa ao CIRJ, e passa a atuar como coordenador da Comissão Intermunicipal FIRJAN/CIRJ de Magé e Guapimirim. Em 2014 assume a presidência da Representação Regional FIRJAN/CIRJ Caxias e Região, onde permanece até 2018. Em 2020 retorna à presidência, e segue até hoje na liderança. O Conselho Empresarial Baixada Área II é composto por 35 empresas, que discutem os potenciais e desafios da classe empresarial de Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Magé e São João de Meriti.

Confira a galeria de fotos

- Nosso objetivo é buscar solução para os problemas que afetam as indústrias, como a ampliação e a preservação das margens do Arco Metropolitano, e a construção do Anel Viário de Campos Elíseos. Esses são alguns dos investimentos necessários para que os municípios da Baixada Fluminense voltem a crescer”, afirmou Leverone ao tomar posse em seu segundo mandato.

Fortemente industrializada, as principais pautas que mobilizam a pauta da região são segurança, infraestrutura, energia e logística. A implantação do Anel Viário de Campos Elíseos, visando a segurança de infraestruturas críticas no Polo Petroquímico de Duque de Caxias, vem sendo discutida há décadas. Com o projeto pronto, as obras, sob responsabilidade do governo do estado, chegaram a ser iniciadas, mas foram interrompidas.

- Caxias tem o segundo maior PIB do estado, devido ao petróleo. E a atividade em Campos Elíseos pode representar alto risco para as pessoas e as comunidades do entorno. A Firjan defende uma via de escoamento adequada, alternativa à BR-040, alerta Roberto Leverone.

Conhecido como Arquinho, o anel viário criará uma rota alternativa de entrada e saída do Polo Petroquímico, ligando a região ao Arco Metropolitano. Trará, assim, mais segurança para a Baixada, com aumento da mobilidade de trabalhadores, moradores e cargas. A rota vai reduzir tanto os riscos de acidentes como os custos logísticos, com reflexos na competitividade da região.

- Se ocorrer algum incidente maior, pode ser uma tragédia. Só temos a BR-040 para escoar as pessoas e os veículos, destaca Leverone.

Em relação à necessidade de controlar o crescimento residencial e inibir a ocupação irregular no entorno de áreas industriais, a defesa é o zoneamento urbano, com a criação de novos distritos e condomínios industriais, além de adequação da infraestrutura dos já existentes em aspectos relacionados à mobilidade, à água, à energia elétrica, ao gás natural e à banda larga.

Roubo de Cargas

Outra demanda da Firjan Caxias e Região refere-se ao roubo de cargas. O empresário participou do Movimento Nacional Contra o Roubo de Cargas, lançado pela Firjan em 2017. Entre seus principais focos está a segurança nas rodovias e o combate ao comércio ilegal.

- No estado do Rio, 70% desses roubos se concentravam em Caxias, que é um centro econômico de cargas. Isso afeta a atração de indústrias, que têm desconfiança em investir ou ficar no Rio pelo excesso de ocorrências”, aponta Leverone.

Em fevereiro de 2023, a Firjan criou o Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Roubo de Cargas na Baixada Fluminense. O GT se reúne periodicamente com policiais civis, militares e rodoviários federais, Ministério Público, secretários de segurança estaduais e municipais, Detran-RJ, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro (Sindicarga), Consórcio Intermunicipal de Segurança Pública da Baixada Fluminense (CISPBAF) e empresários, para buscar soluções para o problema.

- As áreas com maior concentração de casos, estão localizadas em região de grande interesse logístico, devido à proximidade com as principais rodovias do estado, portos, aeroportos e uma área industrial diversificada. É uma área de grande influência para a economia do estado e esse cenário impacta diretamente na atividade industrial e consequentemente, na sociedade de forma geral. É cada vez mais urgente a aplicação de medidas que intensifiquem as ações de vigilância e policiamento ostensivo, além de fortalecer os agentes da Segurança Pública com tecnologia e investimentos para asfixiar os receptadores e quem comercializa os produtos roubados”, comenta Roberto Leverone, que está à frente grupo de trabalho para estudar medidas que contribuam para coibir esse tipo de crime no estado.

Leverone destaca que essa é uma situação complexa, que envolve muitas medidas que precisam ser adotadas.

- Enquanto Firjan, buscamos colaborar para encontrar uma solução para esse problema que tanto afeta o nosso empresariado. – declarou em notícia publicada no site da Firjan.

Foi presidente do Fórum Setorial de Moda em 2018, e esteve nas diversas edições do Veste Rio, evento patrocinado pela Firjan SENAI. Participou de iniciativas como o Torneio de Robótica FIRST LEGO League Challenge (FLL), que tem como objetivo de reforçar a integração da robótica no currículo do Ensino Fundamental nas Escolas Firjan SESI. Articulou parcerias da Firjan com órgãos públicos através de programas como o Licença 4.0, que visa a agilizar os processos de licenças e permissões da atividade da Construção Civil, para o desenvolvimento do setor e geração empregos.

- O Licença 4.0 é mais uma de nossas conquistas do ano de 2023. Em Friburgo e Três Rios, onde também já firmamos parcerias, garantimos a redução de 75% e 45%, respectivamente, no tempo de concessão de licença ambiental de obras. - afirmou Leverone ao Portal da Firjan.

Em reconhecimento ao trabalho desenvolvido na regional e em prol do desenvolvimento da indústria, recebeu o título de Cidadão Honorário de Magé e, em 2014, foi homenageado como Cidadão do Estado do Rio de Janeiro. Em 2023, passou a fazer parte do Conselho de Eméritos da Firjan CIRJ.

“Sou agradecido por ter sido reconhecido por tudo que fiz, porque a Firjan foi muito importante para mim, uma facilitadora. Reconheço que muitas portas se abriram quando falava que era da Firjan. É um prestígio fazer parte e me sinto orgulhoso.” 

Roberto Leverone ao Memória da Indústria

Fontes:

Entrevista de Roberto Leverone ao projeto Memória da Indústria em 25 de junho de 2024; Cartaz do filme Hasta Siempre Itália acessado em 21 de janeiro de 2025, disponível em https://br.pinterest.com/pin/320037117272579716/; perfil do filme Hasta Siempre Itália no imdb acessado em 21 de janeiro de 2025, disponível em https://www.imdb.com/pt/title/tt0051000/; site da Floc acessado em 21 de janeiro de 2025, disponível em https://www.floctextil.com.br; Notícia "Presidente da Representação Regional da Firjan visita o prefeito em exercício Sandro Dias", acessada no dia 21 de janeiro de 2025, disponível em https://www.teresopolis.rj.gov.br/presidente-da-representacao-regional-da-firjan-visita-o-prefeito-em-exercicio-sandro-dias/; Notícia FIRJAN lança Movimento Nacional Contra o Roubo de Cargas, com apoio de mais de 80 instituições, acessada no dia 21 de janeiro de 2021, disponível em https://www.firjan.com.br/noticias/firjan-lanca-movimento-nacional-contra-o-roubo-de-cargas-com-apoio-de-mais-de-80-instituicoes-1.htm; Notícia Firjan Caxias debate ações para combater roubo de cargas com autoridades de segurança na Baixada acessada no dia 21 de janeiro de 2021, disponível em https://firjan.com.br/noticias/reuniao-sobre-roubo-de-cargas-firjan-caxias-3.htm; Notícia Firjan e Prefeitura de Magé firmam parceria para desenvolvimento da Construção Civil acessada no dia 21 de janeiro de 2021, disponível em https://firjan.com.br/noticias/firjan-e-prefeitura-de-mage-firmam-parceria-para-desenvolvimento-da-construcao-civil-8AE4828C8C5E9BE3018C7E9E08497E10-00.htm#:~:text=%E2%80%9CO%20'Licen%C3%A7a%204.0'%20%C3%A9,de%20obras%E2%80%9D%2C%20afirma%20Leverone; Notícia Escola Firjan SESI Caxias abre torneio de robótica com alternativas para o consumo de energia acessada no dia 21 de janeiro de 2021, disponível em https://sindistal.org.br/escola-firjan-sesi-caxias-abre-torneio-de-robotica-com-alternativas-para-o-consumo-de-energia/; Veste Rio: maior evento de moda do Rio tem presença de grandes marcas, acessada no dia 21 de janeiro de 2021, disponível em https://www.firjan.com.br/noticias/veste-rio-maior-evento-de-moda-do-rio-tem-presenca-de-grandes-marcas-1.htm?IdEditoriaPrincipal=4028818B46DE6FAB0146DEB10D2439F2; Roubo de carga causa prejuízo de R$ 325 milhões no estado do Rio de Janeiro em 2024, aponta Firjan Roubo de carga causa prejuízo de R$ 325 milhões no estado do Rio de Janeiro em 2024, aponta Firjan - Nova Iguassu Online acessada em 28/06/2025; Firjan Caxias reúne empresários e poder público para debater segurança na Baixada Firjan Caxias reúne empresários e poder público para debater segurança na Baixada | Duque de Caxias | O Dia acessado em 28/06/2025; Carta da Indústria | Firjan acessado em 28/06/2025; Firjan apresenta propostas para o desenvolvimento de Duque de Caxias | Duque de Caxias | O DIA acessado em 28/06/2025; Empresários da FIRJAN escolhem seus líderes na Baixada Fluminense | Notícias de Belford Roxo acessado em 28/06/2025;