Mário Leão Ludolf
O empresário do ramo da cerâmica foi presidente da Federação das Indústrias do Estado da Guanabara (FIEGA) e o primeiro presidente da Firjan. Foi voz ativa contra a estatização de empresas e a favor do livre comércio. Morreu no dia 23 de outubro de 1988.
Filho de Américo Ludolf e de Maria de Sousa Leão Ludolf, Mário Leão Ludolf nasceu no Rio de Janeiro no dia 23 de maio de 1901. Seu pai foi fundador e maior acionista da Companhia Cerâmica Brasileira. Era um importante líder industrial na primeira metade do século, integrou a primeira diretoria da antiga Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJ), que a partir de 1939 passou a se chamar Centro das Indústrias do Rio de Janeiro (CIRJ).
Engenheiro Civil pela antiga Escola Politécnica do Rio de Janeiro, Ludolf, após se formar em 1923, viajou para Europa onde fez estudos de especialização por dois anos. Ao voltar ao Brasil, passou a morar em São Paulo trabalhando em diversas obras públicas.
Em 1932, voltou ao Rio de Janeiro e assumiu a direção da Companhia Cerâmica Brasileira onde, mais tarde, tornou-se presidente.
VIDA ASSOCIATIVA E A FIRJAN
Representando o Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Vidro, em 1937, Mário Leão Ludolf foi um dos fundadores da Federação dos Sindicatos Industriais do Distrito Federal (FSIDF). Na época, a capital do país era a cidade do Rio de Janeiro. Em 1942, a FSIDF passou a chamar-se Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJ). Por terem as mesmas posições diante dos problemas da indústria e basicamente a mesma diretoria, CIRJ e a FIRJ passaram a atuar em conjunto.
Entre 1944 e 1956, Ludolf participou do Conselho Nacional de Petróleo (CNP) como representante das entidades de classe da indústria. Pela Federação das Associações Comerciais do Brasil participou, em 1948, da seção brasileira da Missão Abbink (Comissão Mista Brasileiro-Americana de Estudos Econômicos) onde atuou nas subcomissões de combustíveis e de investimentos. Dirigiu a construção da refinaria de Mataripe, na Bahia, iniciada em 1950.
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Pertenceu a inúmeros órgãos colegiados, como o Conselho de Contribuintes e a Junta Consultiva do Imposto de Consumo, onde introduziu o sistema de tributação ‘ad valorem’, no qual o contribuinte paga o imposto um preço específico com base em uma avaliação justa do ativo, bens ou serviços tributados. Ludolf integrou em diversas oportunidades a delegação da indústria brasileira no GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), em Genebra.
De 1956 a 1961, Mário Ludolf foi o segundo-vice-presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (FIDF), antiga FIRJ. Em 1960, com a mudança da capital federal para Brasília, a FIDF teve seu nome alterado para Federação das Indústrias do Estado da Guanabara (FIEGA).
Teve atuação de destaque no combate a estatização de empresas. Entre 1960 e 1962, especialmente com o CIRJ, se posicionou a favor da livre iniciativa e condenou os movimentos em defesa da estatização. Em 1960, Ludolf foi voz dissonante e ficou contra o voto da FIEGA em favor da nacionalização dos bancos de depósito, que acabou não sendo adotada pelo governo. Em 1962, Carlos Lacerda, no cargo de Governador do Estado da Guanabara, encampou a Companhia Telefônica Brasileira e, novamente com o CIRJ, o empresário se posicionou contrário à medida. Já em 1964, Ludolf apontou a contradição do governo Castelo Branco que por um lado proclamava que a organização econômica do país devia assentar na iniciativa privada, e por outro, transferia recursos privados para o campo estatal.
Na I Convenção Industrial do Rio de Janeiro, organizada pelo CIRJ em outubro de 1965, foi recomendada a defesa do livre comércio e a busca por um ambiente favorável para ampliação de fontes de financiamento, inclusive em relação ao comércio exterior, com a isenção total dos impostos para exportação de produtos manufaturados em relação à política industrial e de desenvolvimento econômico. O empresário acreditava que a atuação de empresas estrangeiras no Brasil não era um problema e que além de investimentos, trazia experiência técnica, administrativa e comercial.
Em outubro de 1969, ao ser eleito presidente da FIEGA e do CIRJ, Mário Leão Ludolf assumiu também a presidência dos conselhos regionais do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) da Guanabara. Ainda neste ano, por iniciativa da FIEGA e do CIRJ, foi criado o Instituto de Desenvolvimento Econômico do Estado da Guanabara (IDEG), que depois seria chamado de Instituto de Desenvolvimento Econômico e Gerencial.
Na III Conferência das Classes Produtoras (III Conclap), ocorrida em março de 1972, o tema ‘Empresas em processo de desenvolvimento econômico e social’ foi definido por um grupo ao qual pertenciam Mário Henrique Simonsen e Mário Leão Ludolf, ambos do CIRJ. Nele foram debatidos assuntos como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto de Renda (IR) e as empresas multinacionais.
Em 1975, com a fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, o mesmo acontece com FIEGA e com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ), dando origem a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Ludolf foi o primeiro presidente da instituição e é eleito em 1977 para seguir na presidência. Na ocasião, condenou a presença de estatais em áreas que acreditava ser de atuação do setor privado. Manifestou-se contra a reserva de mercado e a favor da livre iniciativa citando projetos como fábricas de pneus e de turbinas a vapor, que estariam sofrendo pressões de industriais paulistas para que não fossem implantadas no Rio de Janeiro,
No ano de 1978, defendeu a institucionalização da pluralidade sindical no país. Em outubro de 1980, passou o cargo ao novo presidente Firjan, Arthur João Donato.
O empresário recebeu a condecoração da indústria, a Medalha do Mérito Industrial do Rio de Janeiro, pelos relevantes serviços prestados à classe.
Mário Leão Ludolf morreu no Rio de Janeiro no dia 23 de outubro de 1988.
Fontes:
Verbete Mário Leão Ludolf, CPDOC | FGV • Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, acessada no dia 28 de abril de 2024, disponível no site https://www18.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/ludolf-mario-leao; Livro “O Centro Industrial do Rio de Janeiro e sua importante participação na economia nacional (1827 - 1977), de Edgard Carone, Editora Cátedra”