Jorge Rodrigues do Nascimento

“Nunca deixei de me divertir mas sempre estudei e trabalhei muito. Como engenheiro tive a oportunidade tanto no Sindicato como na Justiça do Trabalho de aproximar o patronal dos trabalhadores. E ampliar o debate para além dos dissídios, por entender que outros temas também impactam no dia a dia das empresas.”

Jorge Rodrigues do Nascimento ao Memória da Indústria

Carioca do bairro de Vigário Geral, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Jorge Rodrigues do Nascimento nasceu no dia 30 de junho de 1933. Seu pai, Domingos Tertuliano do Nascimento, era contador, e sua mãe, Libânia Bandeira do Nascimento, era dona de casa. Católico, de voz grave, cantou no coral da igreja. Na adolescência passou a fazer parte do grupo artístico que se apresentava nos clubes, contando histórias. Chegou a se apresentar no coral do Theatro Municipal.

De família modesta, teve uma infância simples. Quando pequeno, seu lar não possuía luz elétrica e para cozinhar era necessário buscar lenha em um manguezal que havia no bairro. Aprendeu a ler em casa. Estudou na escola pública 1011, em Vigário Geral, e na Escola Técnica Nacional, que ficava no Maracanã. Ali, fez o curso técnico em máquinas e motores e foi convidado a trabalhar na Fábrica Nacional de Motores, conhecida por muitos como FNM, em 1953. Trabalhou lá por 17 anos, e posteriormente se destacou como empreendedor, fundando empresas como a Engec Projetos e a JR Engenharia Ltda, com mais de 40 anos de atuação no mercado.

“Eu já tinha prática de projeto na Fábrica Nacional de Motores. Entrei como desenhista copista, fui a desenhista projetista, depois técnico ferramental e chefe de setor. Quando entrei na faculdade de Engenharia Civil, já tinha noção plena de projeto. Aliás, vários engenheiros que se formaram à época que eu estava na fábrica foram meus estagiários lá.” 

Jorge Nascimento em entrevista ao Memória da Indústria

Formou-se em Engenharia Operacional pela Escola Nacional de Engenharia, no Largo de São Francisco. Por conta de mudanças de diretrizes no Ministério da Educação, teve que a voltar a estudar, porque foi dado um prazo para aqueles que concluíram a Engenharia Operacional completarem e se tornarem engenheiros plenos. Estudou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no campus da Ilha do Fundão, onde se formou em Engenharia Civil e Engenharia de Segurança do Trabalho.

Em sua carreira, Jorge Rodrigues também se dedicou ao ensino, ministrando aulas em diversas instituições. Ele é mestre em Engenharia pela UFF e Doutor pela Coppe/UFRJ. E formado pelo Tribunal de Justiça Arbitral do Estado do Rio de Janeiro no curso de Juiz de Pequenas Causas. Jorge se casou pela primeira vez com Leny Carvalho do Nascimento, com quem teve Alexandre Jorge Carvalho do Nascimento, e divorciado, casou posteriormente com Valdea França Lopes do Nascimento, com quem teve Cátia Cristina Lopes Nascimento.

A ENTRADA NO SINDICATO E A ATUAÇÃO NA FIRJAN

Nascimento entrou na vida sindical em 1970 e trabalhou ativamente em dois movimentos importantíssimos para o crescimento do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Duque de Caxias, que posteriormente veio a se tornar o SINCOCIMO: a expansão de categorias, abrangendo setores da mesma área e que dialogam, e a extensão de base, de Duque de Caxias à Angra dos Reis.

- Fui o primeiro engenheiro a entrar para o sindicato. O sindicato era só de empreiteiros. Como tinha que discutir dissídio coletivo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário, e como o nosso era só Sindicato da Construção Civil, sugeri que fizéssemos a extensão de categoria para discutir todas as categorias abrangidas pelo sindicato dos trabalhadores. Aceitaram a sugestão. Posteriormente, fizemos também a extensão de base porque nosso sindicato atuava somente em Duque de Caxias, enquanto o Sindicato dos Trabalhadores tinha como base Caxias, Nilópolis, São João do Meriti e Magé. Colocamos em votação e foi aprovado esse segundo projeto meu. Depois, cresceu mais um pouco e a extensão de base foi até Nova Iguaçu. Ao estender para Nova Iguaçu, passei a lidar com o segundo sindicato, que é o Sindicato dos Trabalhadores de Nova Iguaçu. Posteriormente, pediram extensão de base de Itaguaí, e aconteceu a mesma coisa com Angra dos Reis. Hoje o sindicato tem base territorial de Guapimirim até Angra dos Reis.- contou.

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Nascimento foi presidente do SINCOCIMO durante quase 30 anos e destaca como uma de suas realizações a conquista da sede própria. Atuou também como perito da Justiça do Trabalho e posteriormente como juiz classista representando a Construção Civil em Duque de Caxias. No começo da sua atuação no sindicato iniciou também sua trajetória na Federação que representava as indústrias. Na época, antes da fusão do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, ele fazia parte da Federação das Indústrias do Estado do Rio (FIERJ). Em 1975, com a junção com a Federação das Indústrias do Estado da Guanabara (FIEGA), foi criada a Firjan, e Jorge Rodrigues permaneceu trabalhando e realizando ações em prol da indústria fluminense.

Em 1981, foi um dos fundadores da representação regional da Firjan em Nova Iguaçu e Região.

- A Firjan era centralizada, era tudo no Rio. Aí chegou-se à conclusão que deveria ser descentralizada. Só que na descentralização não foi criada logo a Regional de Caxias. Todos os assuntos, as reuniões, eram todas feitas em Nova Iguaçu. Eu tinha umconhecimento já bastante amplo em Nova Iguaçu, então tudo que precisava levar das empresas de Duque de Caxias para Nova Iguaçu eram discutidas lá na regional. Com o tempo, houve um movimento para criar uma segunda representação regional para facilitar o relacionamento com os associados. Em 1996 a Firjan inaugurou a Representação Regional II. O primeiro presidente era do Sindicato da Panificação e o Sincocimo assumiu a vice-presidência.

Na Firjan, o empresário fez parte da Diretoria Plena como Diretor e Conselheiro Fiscal. Em 2007, Nascimento foi membro do Conselho Empresarial da Indústria da Construção e em 2015, passou a integrar o Conselho de Eméritos da Firjan. Em 2014 o Sincocimo ganhou o Prêmio Melhores Práticas Sindicais na categoria Infraestrutura Administrativa, Financeira, de Sistema e Recursos Humanos ao criar vice-presidências para cada segmento tratado pelo Sindicato.

- Tínhamos vice-presidentes de construção civil, de mármores e granitos, de mobiliário e de montagem industrial. Para cada setor tinha um dissidio coletivo. Deu mais trabalho porque tinha que discutir com as lideranças. Mas conseguimos harmonizar para cada categoria e atender às necessidades específicas desses grupos e sou muito grato a eles por terem colaborado com esse trabalho, que é coletivo, explicou Nascimento.

"A Firjan sempre manteve e prestou serviço em conjunto com o sindicato. Entretanto, após a descentralização, ela se tornou bem mais eficiente: criando as representações, passou a ter mais agilidade, mais contato com os sindicatos. Dinamizou de uma maneira extraordinária. Fez funcionar o corpo técnico da Firjan, prestando mais serviço, não só às empresas, como também à gestão pública, através dos projetos, de trabalhos extraordinários, não só na área municipal, como na área estadual, e até mesmo na nacional. Com a descentralização, houve um entrosamento, uma interface com os sindicatos bem mais eficiente, não só ajudando aos sindicatos, de forma material, por exemplo, com equipamentos, como também na parte de associativismo." 

Jorge Nascimento em entrevista ao Memória da Indústria

Fontes:

Entrevista de Jorge Rodrigues do Nascimento ao Projeto Memória da Indústria realizada em 28 de fevereiro de 2024; Entrevista de Jorge Rodrigues do Nascimento ao Projeto Memória da Indústria realizada em novembro de 2016.