Isaac Plachta
Engenheiro químico, empresário e professor, atua como presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Químicos para Fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro (SIQUIRJ) desde 1998. Presidiu o Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Firjan de 2000 a 2024. Em 2023, passa a integrar o Conselho de Eméritos da Firjan.
“Não devemos ter vergonha de nossas origens, mesmo que humildes. Sempre disse isso para os meus alunos: se você é pobre, pode ter a mesma oportunidade de uma pessoa com uma classe social maior. Estude e prepare-se para se igualar em conhecimento”.
Isaac Plachta ao Memória da Indústria
Filho de um casal de judeus poloneses que chegaram ao Brasil fugindo da II Guerra Mundial, Isaac Plachta nasceu em 15 de janeiro de 1940, no Rio de Janeiro. Teve uma infância modesta no bairro de Higienópolis, zona norte carioca. Seu pai, Joel Plachta, que em passagem pela França aprendeu penteados da moda entre as mulheres, trabalhava em um salão. Sua mãe, Szajndla Cymerman, era manicure.
Isaac Plachta formou-se em engenharia química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), quando ainda sediada na Praia Vermelha. Seu principal meio de locomoção para a faculdade era o bonde, mas muitas vezes, sem condições financeiras para o transporte, precisava dormir na própria universidade.
“A Escola de Química (da UFRJ) é um modelo do ensino da química no Brasil. Os currículos das novas escolas, todos foram baseados na Escola de Química. Na verdade, ao entrar na faculdade, nem sabia da existência do curso “Engenharia Química”, pois apenas se falava em química. O curso que era, então, oferecido na Escola de Química era chamado Química Industrial. Dois anos depois do meu ingresso, implantaram o curso de Engenharia Química por conta do desenvolvimento da indústria de petróleo e petroquímica, nas quais era preciso fazer os projetos das torres, dos trocadores, dos equipamentos. Tudo isso atribuição dos engenheiros químicos. Com isso, concluí minha graduação e recebi os dois diplomas”, explicou ao Memória da Indústria.
Como primeira experiência profissional, atuou na Refinaria de Petróleo de Manguinhos, que, por conta da carga horária, o permitiu exercer também funções acadêmicas na UFRJ. Em sua trajetória profissional, passou por grandes empresas, como o Grupo Ultra, Norquisa, Petroquisa, Petroflex (hoje, Arlanxeo), dentre outras, sem nunca deixar de lado a carreira de docente. Concomitantemente às suas atribuições executivas, contribuiu para o setor industrial químico participando de associações setoriais como a ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química e o IBP – Instituto Brasileiro do Petróleo.
Nos anos de 1990, participou da reestruturação do setor petroquímico no período da privatização e da pós-privatização, que teve entre seus marcos o processo de desestatização das participações acionárias da Petroquisa, onde atuou como Diretor, propiciando a recomposição societária de algumas empresas do setor.
Nos anos 2000, em seus primeiros anos de mandato como presidente do SIQUIRJ, organizou uma ampla reforma nas dependências da Escola de Química, desde os banheiros até as salas de aula e biblioteca, com o apoio de empresas do setor. Ao final das obras, recebeu uma grande homenagem com a criação do Espaço Isaac Plachta, área no subsolo da Escola que conta com uma biblioteca, dois laboratórios e uma sala de aula.
“Fizeram um grande coquetel e me homenagearam com uma placa. Disseram que tudo o que tinha feito pela escola estava representado ali, naquela placa. Senti-me extremamente honrado por tal reconhecimento, nomeando um espaço tão especial com o meu nome. Isso me emociona muito, me deixa muito agradecido. Várias pessoas me dizem, ‘Professor, vi lá o espaço Isaac Plachta, é o senhor, né?’ É, sou eu sim”, contou emocionado.
Em 2024, retratou todas as memórias de sua trajetória pessoal e profissional no livro “Uma Herança de Coragem”, seu segundo livro, publicado em janeiro de 2025. Anteriormente, em 1994, seu primeiro livro fora publicado, intitulado “Petroquímica: Introdução”, em parceria com Adolpho Wasserman, importante figura da indústria à época.
ATUAÇÃO NA FIRJAN
Com a sua posse, em 1998, como presidente do SIQUIRJ, passou a integrar o Conselho Superior de Representantes da Firjan. De 2000 a 2024, presidiu o Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Federação, onde liderou discussões importantes como descarte de materiais plásticos, os desafios na área de licenciamento ambiental e a as boas práticas ambientais para o setor industrial.
Liderou por mais de 15 anos, o Prêmio Firjan de Sustentabilidade, inicialmente chamado de Prêmio Firjan de Ação Ambiental, que destaca ações relevantes e bem-sucedidas de sustentabilidade das empresas do estado do Rio de Janeiro.
Outro momento importante em sua trajetória foi o trabalho na busca da diminuição da burocracia e modernização do licenciamento ambiental. O conceito de Desenvolvimento Sustentável é apoiado nos pilares ambiental, social e econômico e conciliar estas três variáveis não é tarefa simples. Para isso foi necessário apresentar para o Estado experiências bem-sucedidas de outros lugares, propor a reestruturação dos órgãos fluminenses de meio ambiente e a valorização, renovação e capacitação dos servidores.
Representando o Conselho, Plachta apoiou e auxiliou a criação do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que foi resultado da união de três órgãos: Fundação Estadual de Engenharia do Ambiente (Feema), Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) e Instituto Estadual de Florestas (IEF).
“Sempre haverá novidade no trato das questões ambientais em uma empresa. Novas leis vão restringir ou modificar a forma de atuação de um ou mais setores industriais. Produtos melhorados pelos concorrentes incentivarão mudanças na fabricação. Novas tecnologias abrirão caminho para maior eficiência. A indústria precisa estar atenta a sinais de mudança na abordagem da sustentabilidade. Iniciativas como a transparência e o relato da sustentabilidade eram um plus há poucos anos. Hoje, são uma linha de corte definida pelo mercado. Para as grandes empresas, não relatar é inadmissível. O mesmo ocorre com a certificação. Ter um sistema de gestão ambiental é o mínimo a se esperar de uma empresa ciente de seu impacto”, escreveu em artigo para o Carta da Indústria.
O empresário também é vice-presidente do Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ) e faz parte do conselho da ABIQUIM. Em 1999, foi condecorado com a Medalha do Mérito Industrial do Rio de Janeiro. Em 2017, recebeu a Medalha Tiradentes na ALERJ, sendo reconhecido pelas suas ações em defesa do setor industrial químico fluminense. Já em 2019, recebeu das mãos da Reitoria da UFRJ, a Medalha Minerva, uma das maiores honrarias da Universidade. Em 2023, mais um reconhecimento, passou a ser membro do Conselho de Emérito da Firjan/CIRJ.
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FONTES:
Entrevista de Isaac Plachta ao Memória da Indústria, realizada em 16 de fevereiro de 2024; Carta da Indústria artigo “Produção Sustentável” de Isaac Plachta e Luis Augusto Azevedo; Tese “A reestruturação da Indústria Petroquímica Brasileira no Período Pós-Privatização”, de Feliciano Lhanos Azuaga, orientador Professor Silvio Antonio F. Cário, Universidade Federal de Santa Catarina, 2007; noticia “Inea completa 15 anos e homenageia Firjan por parceria em ações na área ambiental” acessada em 13 de março de 2025, disponível em https://www.firjan.com.br/noticias/inea-completa-15-anos.htm.