Ignacio Alvares Pinto de Almeida
Idealizador e fundador da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (SAIN), entidade que mais tarde daria origem à Firjan, lutou pelo desenvolvimento da indústria no Brasil Império.
“He preciso que o Brasil promova a sua indústria, para merecer, a justo título, o renome de grande e rico; mas he necessário também que faça o sacrifício patriótico de extirpar o cancro da escravidão que lhe corroe as entranhas, e o enfraquece na marcha da prosperidade”, Ignacio Alvares Pinto de Almeida, no “Discurso de Instalação da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, em 1827.
Nascido na província da Bahia, Ignacio Alvares Pinto de Almeida passou boa parte de sua vida no Rio de Janeiro. Homem público de notória importância dedicou-se ao progresso da pátria.
Foi o grande idealizador e fundador da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (SAIN), uma entidade civil de direito privado com o objetivo de “promover, por todos os meios ao seu alcance, o melhoramento e a prosperidade da indústria no Império do Brasil”. A primeira iniciativa de Ignácio para criar uma associação em benefício da indústria nacional ocorreu em 1816, ainda no período do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, sem sucesso. Em 1821, realizou no Rio de Janeiro uma subscrição anual para a compra e importação de máquinas e instrumentos agrícolas, organizou estatutos e regulamentos para a associação e os submeteu à aprovação do então Príncipe Regente, Dom Pedro, dando início às atividades em forma de exposições públicas mesmo antes da formalização legal.
A SAIN só passou a existir legalmente após o fim do movimento de independência e a consolidação do governo imperial. Em 2 de janeiro de 1824, Ignácio enviou novamente a petição e os estatutos para o governo, sendo analisados pelo Tribunal da Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, órgão no qual atuava como deputado. A aprovação pelo imperador Dom Pedro I foi publicada em 31 de outubro de 1825, colocando a associação sob proteção imperial e determinando que seu presidente fosse nomeado por Sua Majestade. Os estatutos previam a criação de um conservatório de máquinas, a fundação de uma biblioteca voltada à agricultura e a realização de concursos com prêmios para benefício da indústria, com o objetivo central de introduzir e difundir o uso de maquinário e técnicas modernas na indústria e agricultura do Brasil.
O Conselho Administrativo da SAIN foi formalmente nomeado pelo imperador em 18 de julho de 1827, com Ignácio Álvares Pinto de Almeida ocupando o cargo de secretário. A associação estabeleceu sua sede oficial em 19 de outubro de 1827 no prédio do Museu Nacional, no Campo da Aclamação, realizando a sessão inaugural em 28 de fevereiro de 1828.
Em discurso datado de 19 de outubro de 1827, Ignácio Alvares Pinto de Almeida disse acreditar na Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional como sendo de suma importância para o Brasil, pois nenhum país floresce sem indústria, segundo ele o móvel principal da prosperidade e da riqueza, tanto pública como particular de uma nação culta e realmente independente.
Além de fundador, foi presidente honorário da SAIN. Em sua trajetória empresarial, foi fabricante e negociante de aguardentes e destilados. Possuía uma visão muito além do seu tempo. Recebeu os títulos de Fidalgo Cavalheiro da Casa de Sua Majestade o Imperador do Brasil, seu Guarda Roupa, Deputado da Junta do Comércio, Comendador da Ordem de Cristo, Cavalheiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição e Secretário Perpétuo da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.
Morreu na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1843.
Fontes:
URBINATI, Inoã Carvalho; LAMARÃO, Sergio. Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (SAIN). Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/SOCIEDADE%20AUXILIADORA%20DA%20IND%C3%9ASTRIA%20NACIONAL.pdf. Acesso em: 03 jun. 2025.
PENTEADO, David Francisco de Moura. Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional: a ambiguidade de uma associação civil a serviço do Estado brasileiro (1825-1904). Disponível em: https://rbhciencia.emnuvens.com.br/revista/article/view/728. Acesso em: 03 jun. 2025.
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CARONE, Edgard. O Centro Industrial do Rio de Janeiro e sua importante participação na economia nacional (1827-1977). Rio de Janeiro: Editora Cátedra, s.d.
PENTEADO, David Francisco de Moura. O Auxiliador da Indústria Nacional: Um periódico a serviço do Estado brasileiro? (1833–1896). Disponível em: https://orcid.org/0000-0003-1749-2294. Acesso em: 20 ago. 2025.