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Hipólito Eládio Rodriguez Fontenla

O empresário, e conselheiro Emérito da Firjan atuou durante 42 anos no Conselho Regional da Firjan Sul Fluminense e participou ativamente das tratativas para levar a fábrica da Nissan para Resende.
Publicado em 02/06/2025 - Atualizado em 17/10/2025 12:40
Hipólito Eládio Rodriguez Fontenla. Crédito: Vinícius Magalhães/Acervo Firjan

“A Firjan me deu caminhos, a Firjan me deu ideias.” 

Hipólito Eládio em entrevista ao Memória da Indústria.  

Galego, nascido em Pontevedra, na Espanha, em 11 de fevereiro de 1943, Hipólito Eládio Rodrigues Fontenla chegou ao Rio de Janeiro em junho de 1951 junto com seu pai, o alfaiate José Rodriguez Soares, sua mãe, Benigna Fontenla Meijoeiro, que era doméstica, e seus dois irmãos. Sua família fixou residência em Resende, no sul fluminense, após um curto período em Floriano, distrito de Barra Mansa, que na época ainda se chamava Ribeirão da Divisa. Diante de problemas financeiros, mesmo a contragosto do pai, Hipólito Eládio começou a trabalhar antes de concluir seus estudos. A partir dos 13 anos, foi ajudante de garçom em uma churrascaria e mecânico em oficina que ficava na beira da Rodovia Presidente Dutra. Mais tarde, em 1959, retornou à sala de aula, onde se envolveu com grupos estudantis.

Em 1964, foi presidente da União Resendense de Estudantes e realizou os jogos estudantis da primavera. No ano seguinte, organizou o mesmo evento desta vez como presidente do Interact, um projeto ligado ao Rotary Club, que desenvolve lideranças jovens. Se tornou associado do Rotary Club em 1967. Hipólito foi indicado para trabalhar em uma loja por seus colegas. Lá fez faxina, foi vendedor, gerente, e por fim, comandou o negócio. Mas a morte do proprietário do estabelecimento em frente trouxe uma oportunidade.  

- Em frente ao local que trabalhava tinha uma loja de material elétrico. Pedro Pinto Ferreira era o nome do dono e ele faleceu. A família era composta por duas moças que não conheciam nada daquilo. Foi quando meu vizinho, que era relojoeiro falou: “Vamos comprar a loja?” Eu falei: “Comprar como? Eu ganho um salário-mínimo. E ele explicou: eu compro, te dou metade e você trabalha lá e eu vou ser o seu sócio. - contou Hipólito Eládio em entrevista ao Memória da Indústria.  

A chegada de empresas como Destilaria Continental (Seagrams) hoje Pernod Ricard e a UniStein, na região de Resende, em 1972, trouxe novas oportunidades. Com isso Hipólito funda a Automatic Eletromecânica Indústria e Comércio e Serviços, que prestava serviço para empresas de grande porte e multinacionais.  

Em 1974 se casou com a mineira Dayse Maria Meira Rodriguez, (falecida em 2014), com que teve 3 Filhos, Leonardo, Fernando e Eduardo que lhe deram três netas, Izabela, Alice e Clara.  

Estudou no Colégio Dom Bosco, onde se formou no científico. Com 54 anos, voltou a estudar e em 1997, entrou no curso de Advocacia, Hipólito Eládio completou mais um desafio, formou-se em direito em 2002 na primeira turma da Universidade Estácio de Sá de Resende.  

VIDA ASSOCIATIVA E ATUAÇÃO NA FIRJAN  

Em 1982, passou a fazer parte do Conselho Regional Firjan Sul Fluminense por sua empresa, a Automatic Eletromecânica, função que exerceu até 2019. Foi bastante ativo nas negociações que levaram a Fábrica da Nissan para Resende, inaugurada em 2014.  

- Me deram o que sempre achei que tinha: uma participação na Firjan através do Conselho dos Eméritos, um reconhecimento interessante. Eu dei 42 anos aqui sem cobrar nada, pelo contrário, me ofereci sempre, e acho que foi muito importante para a Firjan e para mim também. Participei de reuniões, de palestras, de uma porção de coisas que jamais participaria se não fosse a Firjan. A Firjan me deu caminhos, me deu ideias. Posso dizer a vocês uma coisa: eu usei todos os meios possíveis para subir na escada da vida. Eu era pobre, tinha dificuldade, eu usei a União de Estudantes, o Interact, Rotary, e tudo que podia para galgar os meus degraus, não da fama, mas da vida. Sempre representei a pequena e média empresa, porque sempre fui pequena e média empresa, nunca fui uma grande empresa. Então, representava o que meus companheiros me cobravam: eu trazia para cá e sempre fui ouvido.” – Hipólito Eládio em entrevista ao Memória da Indústria.  

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- O terreno onde se instalou a Nissan tem uma lagoa que é uma lagoa de água da chuva, não é uma lagoa perene, não tem nascente, mas a área ambiental resolveu que aquilo era uma lagoa que não poderia ser aterrada. Isso deu uma celeuma terrível, por sorte, tinha participado de um trabalho na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) onde foi feito um estudo do polo industrial de Resende e nesse trabalho nós tínhamos desenhos, fotografia em que essa lagoa não aparecia. Ela só surgiu porque houve chuvas muito fortes. Então, eu me dirigi ao Rio de Janeiro, conversei com o prefeito, com o secretário, e expliquei o que estava acontecendo e demonstrei que Resende estava preparado para receber a Nissan, que tínhamos residência, faculdade, tudo que a Nissan precisava. O único problema era essa lagoa. Publicamos um quarto de página no Globo defendendo a instalação e deu certo: a Nissan veio para Resende - revelou.  

Hipólito Eládio também participou das iniciativas para interiorização da Federação, foi testemunha do crescimento da instituição por todo estado e acompanhou de perto a consolidação do Sistema Firjan. O Sistema foi a união das instituições Firjan, SESI (Serviço Social da Indústria), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), CIRJ (Centro Industrial do Rio de Janeiro) e IEL (Instituto Euvaldo Lodi) em um mesmo “corpo”, criando um modelo de gestão inovador à época, que gerou economia de recursos, ganho de escala e impacto nas áreas de tecnologia, saúde, educação e associativismo.  

- O SENAI tinha muita dificuldade com os alunos que recebiam das escolas da cidade, para treinamento. Então, o SESI montou a escola para atender a criançada, deixá-las preparadas para o SENAI, é a coisa mais importante. Isso foi muito bom, essa união SESI e SENAI se transformou em algo real. O SESI manda alunos competentes para os equipamentos que hoje estão sendo trabalhados pelo SENAI, que cada dia vai ser mais automatizado, cada dia mais ser mais robotizado.

Em 2023, passou a integrar o Conselho de Eméritos da Firjan. Durante as décadas de dedicação à representação industrial, o empresário se destacou pela luta pelo emprego e pela reivindicação da redução dos impostos nos níveis municipal, estadual e federal.  

Fontes: 

Entrevista de Hipólito Eládio Rodrigues Fontenla ao projeto Memória da Indústria em 02 de agosto de 2024; Sobre o Rotaract, disponível em https://www.rotary.org/pt/get-involved/rotaract-clubs, acessado no dia 30/12/2024.