Francisco Roberto de Siqueira

“A Firjan está sempre em evolução e com a visão no futuro. Está aí o Indústria 4.0, o FabLab. E ela sempre teve a preocupação com o desenvolvimento da região e com as empresas. Ela facilita para as empresas, seja no campo jurídico ou técnico, orientando-as a se aperfeiçoarem e poderem entregar o melhor. A Firjan tem feito isso com muita propriedade.” 

Francisco Roberto de Siqueira ao Memória da Indústria

Nascido em Campos dos Goytacazes, no dia 30 de janeiro de 1946, Francisco Roberto de Siqueira é filho do comerciante Hector Cordeiro de Siqueira e da dona de casa Aida da Rocha Siqueira. Passou a infância e adolescência na Rua dos Goytacazes, próximo ao Estádio Ary de Oliveira e Souza, campo do tradicional clube de futebol Goytacaz, uma de suas duas paixões. A outra é o Flamengo. Estudou no Externato Regional, Colégio Baptista Fluminense e Liceu de Humanidade de Campos. A admiração por seu tio Helan, irmão caçula de seu pai, o fez optar por cursar Engenharia. Estudou na Escola Fluminense de Engenharia, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Posteriormente, faria também um curso de extensão de Engenharia de Segurança na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio).

- Meu tio era engenheiro e eu achava muito bonito aquilo de ser engenheiro. Aí resolvi cursar engenharia. Vim para o Rio em 1964 e fui morar numa pensão no bairro do Flamengo. Fiz o terceiro ano no Rio de Janeiro, e a faculdade em Niterói. Naquela época, precisava fazer a carreira militar e optei pela Marinha. Fiz um concurso e sou oficial da reserva da Marinha. Achei muito interessante o procedimento, tudo aquilo que aprendi nas Forças Armadas. Servi no porta aviões Minas Gerais, que já não existe mais. Fiz a travessia do Atlântico, fomos a Dakar (Senegal), Tenerife (Espanha). Então, como guarda-marinha, depois recebi o Espadim (acessório que marca a transição para a vida de oficial, sendo entregue em cerimônias solenes nas academias militares ao redor do mundo).

Após se formar em Engenharia, montou, ao lado de seu primo Luiz Alberto Peres de Siqueira, uma empresa que possuía equipamentos para cravar estacas no solo, processo construtivo para dar suporte a estruturas. A empresa realizou trabalhos para a Petrobras e para rede ferroviária. Em 1972, volta para Campos dos Goytacazes e, novamente ao lado do seu primo, funda a Siqueira Engenharia, empresa que contribuiu para o processo de verticalização do município, construindo alguns dos maiores edifícios da cidade, como o prédio da Banerj (hoje sede do Itaú), o Solar da Lechia, e os shoppings Pelinca Square Center e Turfe Centro Shopping.

- Éramos novos, recém-formados, saindo da escola e encaramos um desafio. Primeiro, começamos construindo casas e vendendo. Depois, passamos a fazer construção de apartamentos. Daí, participamos de concorrências públicas. Fomos contratados para construir hospitais. Então, a empresa tem um legado muito grande e diverso: construímos escola, hospital, creche, apartamento, casa. Acho que posso dizer que estou realizado profissionalmente. Na época, fomos os pioneiros: nós fizemos o prédio mais alto da cidade com 16 pavimentos.

A Siqueira Engenharia também foi a responsável pela construção do Complexo do Firjan SESI em Campos dos Goytacazes e pela sede da Associação dos Engenheiros de Campos. Segundo Siqueira, a construção do prédio da Associação da qual era presidente, foi o primeiro passo para entender de fato o que é associativismo, uma vez que interagiu de diversas formas com colegas de trabalho, engenheiros, arquitetos, agrônomos, e outros profissionais da área.

Francisco Roberto de Siqueira é casado com Elizabeth Sampaio de Siqueira e pai de cinco filhos: Francisco Roberto Sampaio de Siqueira Júnior, Carina Sampaio de Siqueira, Leonardo Sampaio de Siqueira e os gêmeos Laura e Guilherme Sampaio de Siqueira.

VIDA ASSOCIATIVA E A FIRJAN

Mais uma vez ao lado do primo Luiz Alberto, Siqueira deu seus primeiros passos na vida associativa tanto no Rotary Club de Campos dos Goytacazes quanto no Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte Fluminense (SINDUSCON-NF). Como presidente do Rotary, entre 1984 e 1985, um dos projetos que destaca foi a criação de um jardim sensorial no Educandário para Cegos São José Operário, por meio do qual os assistidos poderiam identificar diversos tipos de flores através de seu aroma e textura.

- Muitas empresas em Campos prestavam serviço para os órgãos públicos. O SINDUSCON-NF tinha muita preocupação com a lisura do processo, de como as empresas poderiam ser mais bem assistidas e alcançarem os objetivos naquilo que era a prestação de serviço para o órgão público. Então, nos reuníamos, trocávamos ideias e procurávamos nos aproximar do órgão público, para poder

interagir melhor. Essa aproximação é muito importante. (...) Contratamos, na época, um corpo jurídico, pois não havia advogado, um técnico de segurança do trabalho, para dar assistência às empresas e minimizar o impacto da fiscalização do Ministério do Trabalho. Então, o técnico do trabalho ligava para a empresa, marcava uma agenda, fazia uma visita, um relatório do que ele achava que não estava de acordo, entregava para o proprietário da empresa. Aquilo era um trabalho que foi muito proveitoso na época.

Siqueira entrou na Firjan em 1996 no Conselho Regional da Firjan no Norte Fluminense, que desde então faz parte e que preside desde 2023. É atual vice-presidente da federação, fez parte do Conselho Empresarial da Indústria da Construção. Foi membro do Fórum Setorial da Construção Civil, do Conselho Regional do SENAI-RJ e do Conselho Regional do SESI-RJ, em ambos como Representante de Atividades Industriais. Em 2024, foi condecorado com a Medalha do Mérito Industrial do Rio de Janeiro.

Na regional, participou das tratativas para trazer empresas, do processo da criação do Porto do Açu (ajudando inclusive na questão do licenciamento ambiental), da constituição do Pólo de Cerâmica em Campos dos Goytacazes e vem lutando pela construção da Estrada de Ferro 118 (EF-118), que inicialmente ligará o porto do Açu à Anchieta, no Espírito Santo. Outra pauta importante que ele destaca são as melhorias nas BR-101, que corta Campos no sentido Vitória (ES) e BR-116, que vai até São João da Barra. Ambas não foram incluídas na concessão que trouxe melhorias nas estradas da região. Uma vitória citada durante sua entrevista ao Memória da Indústria foi a construção da nova sede da Regional Norte Fluminense.

- Nós saímos de uma sede na Rua dos Bondes. Eram duas ou três salas pequenas, onde se reuniam os sindicatos. Depois, Eduardo Eugenio [ex-presidente da Firjan] nos deu esse presente, que foi a construção da regional, na área que é do Firjan SESI. Isso fez com que os sindicatos tivessem condição para funcionarem, agregarem as empresas, isso foi muito importante para a nossa região.

Em entrevista ao Memória da Indústria, Siqueira também ressaltou o papel do Fórum Setorial da Construção Civil e contou que o Firjan SENAI Macaé ganhou um centro de referência do setor para atender a área, o que impacta positivamente toda a cadeia da construção civil.

- Eu participei desde o início da criação do Fórum. Antes não era Fórum, era a reunião do setor de construção civil e ele tem se mostrado muito atuante. O SINDUSCON-Rio está muito ligado aos organismos públicos, legislação, tudo que diz respeito, o Fórum está presente nas demandas como gabarito, legislação

urbana, mobilidade urbana. O Fórum tem contribuído muito e o resultado foi o próprio Rio Construção Summit.

“A Firjan é a casa da indústria. O industrial se sente à vontade lá, porque ele sabe que ali ele é acolhido, sabe que as demandas dele vão ser levadas, vão ter uma preocupação, vai ter um direcionamento e vai ter um retorno.” 

Francisco Roberto Siqueira ao Memória da Indústria

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Fontes:

Entrevista de Francisco Roberto de Siqueira ao Projeto Memória da Indústria/FIRJAN, realizada em 25 de fevereiro de 2025; Curriculum Vitae de Francisco Roberto de Silveira.