Pular para o conteúdo principal

Francisco de Oliveira Passos

Engenheiro, empresário, primeiro presidente da Federação Industrial do Rio de Janeiro (FIRJ) e da Confederação Industrial do Brasil (CIB). Foi o autor do projeto do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, inaugurado em 1909. Morreu no Rio de Janeiro no dia 1º de janeiro de 1958
Publicado em 28/08/2025 - Atualizado em 17/10/2025 12:41
Francisco de Oliveira Passos
Francisco de Oliveira Passos

Nascido no Rio de Janeiro, então capital do Império, no dia 2 de julho de 1878, Francisco de Oliveira Passos é filho do engenheiro Francisco Pereira Passos, prefeito do Distrito Federal de 1903 a 1906, e de Maria Rita de Andrade Passos. Estudou no Colégio Abílio e no Internato Pedro II antes de seguir para a Alemanha, onde se formou engenheiro civil pela Real Escola Superior Politécnica da Saxônia, em Dresden, em março de 1901.

De volta ao Brasil, iniciou sua carreira na Leopoldina Railway e depois na Estrada de Ferro Central do Brasil. Entre 1904 e 1908, foi consultor técnico da Prefeitura do Distrito Federal, nos dois primeiros anos durante a administração de seu pai.

Nesse período, sob o pseudônimo de Áquila, conquistou o primeiro lugar na concorrência realizada pela prefeitura para o projeto do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Com algumas modificações, a proposta de Oliveira Passos recebeu aval definitivo em novembro de 1904. A construção contou com a colaboração do arquiteto francês Albert Guilbert e teve sua inauguração em julho de 1909, já no governo de Nilo Peçanha. O Theatro Municipal tornou-se símbolo da modernização do Rio de Janeiro, inserido nas grandes transformações urbanísticas promovidas pela administração de Pereira Passos, que visava dotar a capital de estruturas culturais à altura das grandes capitais europeias. Em pouco tempo, o teatro firmou-se como palco principal dos eventos artísticos e culturais do país, consolidando o Rio como polo cultural da América do Sul.

Após a morte do irmão Paulo, assumiu a firma Comércio e Indústria Paulo Passos S.A., voltada à indústria madeireira. Tornou-se presidente do Sindicato das Indústrias de Serraria e do Centro dos Industriais de Serraria do Rio de Janeiro. Em 1926, passou a dirigir o Centro Industrial do Brasil (CIB), entidade criada em 1904, da qual foi presidente até sua transformação, em 1931, na Federação Industrial do Rio de Janeiro. Assumiu a presidência da FIRJ entre 1931 e 1934 e foi reeleito para o triênio 1934-1936.

Em agosto de 1929, participou da comissão de solidariedade ao presidente Washington Luís, aprovada pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), junto a outros representantes das classes industriais, como Carlos Teles da Rocha Faria e Vicente Galliez.

Após a Revolução de 1930, destacou-se como principal liderança na organização política do empresariado para a fundação do Partido Economista, movimento que reunia diversas classes produtoras. Acreditava que já era tempo das classes trabalhadoras deixarem a posição subalterna de parte meramente passiva da sociedade política, com a incumbência exclusiva de proporcionar os recursos que o país necessitava para o seu desenvolvimento.

Em 1933, a FIRJ, sob sua presidência, encaminhou ao Governo Provisório um relatório descrevendo a crise econômica nacional, sugerindo minimizar a escassez de reservas cambiais. Defendia um protecionismo “inteligente, racional e lógico”, destacando a necessidade da defesa alfandegária sempre que alinhada aos interesses da coletividade nacional. Em julho deste mesmo ano, Oliveira Passos foi eleito deputado classista à Assembleia Nacional Constituinte.

Ainda em 1933, a partir de uma proposta de Oliveira Passos foi fundada a Confederação Industrial do Brasil, entidade nacional da qual foi eleito seu primeiro presidente. Em 1938, passou a se chamar Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Atuou junto ao Governo Provisório contra a limitação da eleição dos representantes dos empregadores na Assembleia Nacional Constituinte, restrita apenas aos sindicatos legalmente recolhidos. Com negativa governamental, convocou as federações e associações filiadas à CIB para intensificarem a sindicalização dos setores representados, cabendo-lhe esse incentivo junto à FIRJ.

Em fevereiro de 1935, renunciou à presidência da FIRJ, sendo sucedido por Carlos Teles da Rocha Faria. Durante suas gestões da FIRJ, obteve importantes conquistas, como a abolição da cláusula-ouro, substituída por técnica simplificada de controle cambial, e o atendimento das reivindicações contra impostos estaduais e intermunicipais, além da cobrança em ouro pelo fornecimento de energia elétrica para fins industriais no Distrito Federal.

Exerceu ainda os cargos de presidente do Conselho de Contribuintes, membro do Conselho Consultivo do Distrito Federal, presidente do Clube de Engenharia e presidente do Rotary Club do Rio de Janeiro no biênio 1924–1925.

Casado com Maria Eliza Passos, não teve filhos. Morreu no Rio de Janeiro no dia 1º de janeiro de 1958, aos 79 anos.

Fontes:

CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO CPDOC DA FGV. Verbete de Francisco de Oliveira Passos. Disponível em: https://www18.fgv.br/CPDOC/acervo/dicionarios/verbete-biografico/passos-francisco-de-oliveira. Acesso em: 29 jun. 2025.

DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Edição do dia 05 de janeiro de 1958. Disponível em: http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093726_03/19153. Acesso em: 29 jun. 2025.

O GLOBO. Edição do dia 02 de janeiro de 1958. Acesso em: 29 jun. 2025.

ACADEMIA ROTÁRIA DE LETRAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Perfil de Francisco de Oliveira Passos. Disponível em: https://abrol-rio.com.br/membro/francisco-de-oliveira-passos/. Acesso em: 29 jun. 2025.