Fernando Adolpho Ribeiro Sandroni
O engenheiro eletricista, especializado em eletrônica, participou da construção do Polo de Camaçari (BA), foi presidente do Conselho Empresarial de Tecnologia da FIRJAN e faz parte do Conselho de Eméritos da entidade.
“As federações, de uma forma geral, não têm mais aquele valor que tinham no passado. Mas a Firjan é uma das poucas que realmente manteve esse valor.”
Fernando A. R. Sandroni em entrevista ao Memória da Indústria
Nascido em São Paulo no dia 08 de março de 1937 Fernando Adolpho Ribeiro Sandroni veio com a família para o Rio de Janeiro aos 9 anos de idade, quando seu pai Ranieri Manuel Sandroni assumiu a diretoria da empresa Brasferro. Sua mãe Alzira Ribeiro Sandroni cuidava da casa.
A engenharia porém, não foi a primeira opção de Sandroni. Além da escola, o primeiro diploma que obteve foi o de conhecimentos musicais aos 14 anos. Estudou piano, teoria musical e harmonia no Conservatório Brasileiro de Música. Teve composições gravadas em caráter particular pelo Quinteto Villa Lobos. Foi pesquisador da música popular brasileira e fundou o grupo musical Lira Carioca do qual foi diretor musical e pianista. Mas no oitavo ano de estudo ao piano, percebeu que tinha uma deficiência:
- Um bom pianista deve tocar à primeira vista, olhar a partitura e começar a tocar. Mas tinha um problema visual, que me impediu de me tornar um pianista profissional, por isso decidi ser engenheiro, afirmou.
Entrou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) em 1957, onde fez parte da primeira turma de engenharia elétrica e eletrônica da universidade. Fez pós-graduação em Engenharia do Petróleo, ministrado pela Petrobras, empresa onde começou sua carreira em 1962 na Refinaria Duque de Caxias (Reduc). Terminou o mestrado em Paris, na França, em Ciências Cibernética Industrial pela Ecole Nacionale Superiéure de l´Aeronautique (ENSA), mais conhecida como “SuperAero”.
Voltou ao Brasil em 1967 com os primeiros conhecimentos dos computadores de uso industrial, que começavam a existir no país. Durante os primeiros anos da década de 1970 foi professor de Medição e Controle de Processos Contínuos nos cursos de pós graduação para engenheiros da Petrobras e para gerentes de projetos da Divisão de Engenharia do Departamento Industrial na mesma empresa.
Em 1974, Sandroni foi diretor de Engenharia da Copene-Petroquímica do Nordeste, atual Braskem, e deu início à construção do Pólo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, o maior complexo industrial integrado do hemisfério sul com mais de 90 empresas químicas, petroquímicas e de outros ramos de atividade.
- O Polo Petroquímico de Camaçari foi e ainda é um sucesso, como também foi, à sua época, o do Rio Grande do Sul (Copesul). E por que isso aconteceu assim? Porque o presidente da República não queria concentração industrial, como estava ocorrendo em São Paulo. O general Ernesto Geisel queria que outros estados pudessem se industrializar, explicou durante entrevista ao Memória da Indústria.
Da Copene foi convidado a ser diretor de investimentos da Nordeste Química S.A. (Norquisa) em 1981 e foi um dos incentivadores da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM).
Sandroni é membro da Academia Nacional de Engenharia. Em sua trajetória, participou de várias entidades governamentais, como o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e o Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2001, foi premiado pelo Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior nos 50 anos do CNPq com a medalha Gestor do Conhecimento.
ATUAÇÃO NA FIRJAN
Sandroni inicia sua jornada na Firjan em 1995 quando assume a presidência do Conselho Empresarial de Tecnologia a convite do presidente Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.
Sandroni defendeu o investimento em ciência e tecnologia como alicerce para a inovação, articulou estratégias para fortalecer a indústria de software e setores correlatos no estado e levou a políticos e à sociedade propostas concretas para consolidar um caminho de desenvolvimento baseado em inovação.
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Essa atuação ganhou corpo nos Cadernos de Tecnologia (2001, 2004, 2005, 2007 e 2012), que registraram a evolução da agenda nacional, da discussão sobre incentivos fiscais e não-fiscais até políticas de estímulo a P&D em áreas estratégicas como fármacos, bens de capital, software e semicondutores. Nos volumes mais recentes, destacou-se a ênfase na pesquisa aplicada e na cooperação entre empresas e instituições tecnológicas como motor de competitividade industrial, consolidando um histórico de propostas voltadas ao fortalecimento da indústria brasileira pela via da inovação.
Exerceu o cargo no Conselho Empresarial de Tecnologia até 2018, ano em que passou a integrar o Conselho de Eméritos da Firjan. É membro do Conselho de Desenvolvimento da PUC-Rio (CONDES) e do Conselho Consultivo da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina (ABIFINA). Recentemente incluiu na lista de interesses a Filosofia e o grego antigo, que estuda para ler os textos originais e, portanto, pode apreciar com interpretação própria as obras dos grandes filósofos da Antiguidade como Platão e Aristóteles.
Fontes:
Entrevista de Fernando Sandroni ao projeto Memória da Indústria em 22 de abril de 2024; Site do Comitê de Fomento do Polo de Camaçari (Coficpolo), acessado em 15 de janeiro de 2025, disponível em https://www.coficpolo.com.br/pagina.php?p=39#:~:text=Maior%20complexo%20industrial%20integrado%20do,%2C%20f%C3%A1rmacos%2C%20bebidas%20e%20servi%C3%A7os; Site da Faperj, acessado em 14/02/2025, ‘Presidente do PROTEC critica governo federal na abertura do III ENITEC’, disponível em https://siteantigo.faperj.br/?id=290.2.3 .
Perfil Fernando Adolpho Ribeiro Sandroni Fernando Adolpho Ribeiro Sandroni - Academia Nacional de Engenharia acessado em 22/04/2025