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Euvaldo Lodi

Empresário, engenheiro e político, Euvaldo Lodi foi presidente da Federação das Indústrias do Estado (FIRJ) e do Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ), além do primeiro presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Morreu no dia 18 de janeiro de 1956 e, em 1969, em sua homenagem, a CNI criou o Instituto Euvaldo Lodi (IEL)
Publicado em 18/09/2025 - Atualizado em 17/10/2025 12:41
Euvaldo Lodi. Crédito: Acervo Firjan
Euvaldo Lodi. Crédito: Acervo Firjan

Filho do casal de imigrantes italianos Luis e Anunciata Lodi, Euvaldo Lodi nasceu em Minas Gerais, na cidade de Ouro Preto em 09 de maio de 1896. Estudou no Ginásio Mineiro, em Belo Horizonte, e, mais tarde, em 1920, se formou engenheiro na Escola de Minas e Metalurgia na sua cidade natal.

Em seu tempo, Euvaldo Lodi foi uma das figuras centrais na consolidação do empresariado industrial brasileiro ao longo do século XX. Sua atuação foi decisiva para estruturar entidades de representação como a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado (FIRJ), além de participar da criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Social da Indústria (SESI), instituições cujos objetivos eram o de trabalhar a formação profissional e o bem-estar do trabalhador. Com forte presença política, soube articular os interesses da indústria junto ao Estado, contribuindo para o desenvolvimento econômico e para a institucionalização do setor produtivo no Brasil.

Em 29 de janeiro de 1969, recebeu uma homenagem póstuma: foi criado pela CNI o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) com o objetivo de aproximar os estudantes das linhas de montagem por meio de estágios supervisionados. O Instituto ampliou seu foco de atuação e hoje visa a promover o desenvolvimento da indústria brasileira, por meio da capacitação empresarial, aperfeiçoamento da gestão e suporte à inovação.

INÍCIO DA VIDA PROFISSIONAL E ATUAÇÃO EM ENTIDADES EMPRESARIAIS

Euvaldo Lodi iniciou sua vida profissional na construção de estradas e em serviços de exploração de minas de ferro. Em 1923, foi convidado para participar da Comissão Nacional de Siderurgia, dirigida por Luís Gonzaga de Campos, onde levantou ocorrências de carvão, minério de ferro e manganês nos estados de Santa Catarina e Paraná no intuito de verificar a viabilidade da instalação de uma grande usina siderúrgica no país. Entre 1924 e 1925, escreveu para o jornal carioca O Imparcial sobre geologia, legislação de minas, estradas de ferro, tarifas aduaneiras e problemas gerais da indústria e da agricultura. Nesta década, foi presidente do Centro Industrial de Juiz de Fora.

Na Revolução de 1930, Lodi participou do planejamento da movimentação de contingentes rebeldes. Depois da vitória, ingressou no Clube 3 de Outubro, organização nacional que tinha como objetivo defender ideais tenentistas de aprofundamento das reformas iniciadas pela revolução.

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Em 1932, ele foi o representante da Federação das Indústrias de Minas Gerais na nova Comissão Revisora de Tarifas, atuando junto de Vicente Galiez, Otávio Pupo Nogueira e Válter James Gosling.

Entre os anos de 1931 e 1936, já no Rio de Janeiro, Euvaldo Lodi tornou-se membro do conselho diretor da Federação Industrial do Rio de Janeiro (FIRJ). A entidade, na época recém-fundada, foi resultante da adaptação da organização patronal às exigências da nova legislação sindical.

Em 25 de janeiro de 1933, como representante do Centro Industrial de Juiz de Fora, foi um dos fundadores da Confederação Industrial do Brasil, onde teve a missão de incentivar a fundação de sindicatos patronais junto à Federação das Indústrias de Minas Gerais.

Entre 1938 e 1954 acumulou as presidências do Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ), da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJ) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A partir de uma proposta de industriais, em 1941, para a criação de um serviço de ensino profissional dirigida pelas federações industriais e sob controle da CNI, o então ministro da Educação, Gustavo Capanema, criou uma comissão formada por Lodi, Valentim Bouças, entre outros. Assim, em novembro de 1942, nasceu o SENAI, com Euvaldo Lodi como presidente. Foi fundador e diretor-geral do SESI, criado em junho de 1946.

VIDA POLÍTICA

Em 1933, Euvaldo Lodi elegeu-se na condição de deputado classista, representando a indústria, para a Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição Brasileira de 1934. Como deputado da Constituinte, foi o relator das questões de ordem econômica e social. Em 1934, foi um dos escolhidos pelo presidente Getúlio Vargas para integrar o recém-criado Conselho Federal de Comércio Exterior (CFCE), órgão que visava colaborar na definição da política econômica do governo. Ocupou a vice-presidência da Câmara até a implantação do Estado Novo, em novembro de 1937, quando perdeu seu mandato com a dissolução do Parlamento por Getúlio Vargas. Porém, pouco depois, assumiu o cargo de segundo-vice-presidente da Confederação Industrial do Brasil (CIB), na gestão de Roberto Simonsen, onde iniciou o enquadramento da entidade na lei sobre sindicalização, que encontrou forte resistências entre os empregadores.

No CFCE, em 1938, participou da elaboração de pareceres sobre a criação de uma grande indústria siderúrgica e a exportação de minérios, que propunham acordos comerciais internacionais e propostas de criação de organismos especializados nas questões de petróleo, carvão mineral, siderurgia, minas e metalurgia. Lodi colaborou com o projeto de nacionalização dos bancos de depósito, que foi implementado em 9 de abril de 1941.

Ao lado de João Daudt d’Oliveira, Lodi chefiou a delegação brasileira à Conferência de Bretton Woods (Conferência Econômica Internacional), nos Estados Unidos, em novembro de 1944. A conferência reuniu representantes de 44 países e deu os primeiros passos para a formação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

Entre 1947 e 1955, foi deputado federal por Minas Gerais pela legenda do Partido Social Democrático (PSD), participando das comissões de Segurança Nacional, de Legislação Social da Câmara e de Tomada de Contas.

Em 1951, integrou a delegação brasileira à Conferência Pan-Americana de Chanceleres, realizada em Washington. Nela, combateu a posição norte-americana que priorizava a defesa do continente em detrimento do desenvolvimento econômico. Para Euvaldo Lodi, o fortalecimento das economias latino-americanas era fundamental em uma política de defesa continental.

Era partidário da expansão do mercado interno que seria capaz de consumir a produção da indústria brasileira, em franco crescimento. Acreditava que o capital estrangeiro deveria ajudar no desenvolvimento das empresas nacionais e não esgotar suas reservas naturais. Para ele, as riquezas do subsolo deveriam pertencer ao país e não ao mercado privado.

Foi membro fundador e vice-presidente da Legião Brasileira de Assistência. Presidiu o conselho diretor da Escola de Ciências Políticas e Econômicas de São Paulo e da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Rio de Janeiro. Foi membro do Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas. Foi representante da indústria e do comércio no Conselho Nacional de Similares (vinculado ao Ministério da Fazenda) e presidente da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão das Nações Unidas.

Na iniciativa privada, fundou a usina siderúrgica Gorceix, em Caeté (MG), e foi presidente das seguintes empresas: Cia. Ferro Brasileiro, Cia. Industrial de Ferro S.A., Cia. Carbonífera Metropolitana (SC), Eletrometal S.A., S.A. Fábrica de Tecidos de Seda Santa Helena (Petrópolis-RJ) e Fábrica Rehem Metalúrgica S.A. O empresário também foi vice-presidente da firma Elevadores Swiss do Brasil S.A. e diretor da Sociedade Siderúrgica Limitada (no Rio de Janeiro).

Publicou os livros A Indústria e a Economia Nacional, de 1949 e Discursos e Conferências, de 1954.

Euvaldo Lodi foi casado com Alvarina Castro de Oliveira Lodi. Morreu em 18 de janeiro de 1956, em um desastre automobilístico entre Jundiaí (SP) e São Paulo.

Fontes:

INSTITUTO EUVALDO LODI. Quem foi Euvaldo Lodi. Florianópolis: IEL-SC. Disponível em: https://ielsc.org.br/pt-br/quem-foi-euvaldo-lodi. Acesso em: 25 maio 2025.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. História IEL. Brasília: CNI. Disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/iel/institucional/historia/. Acesso em: 25 maio 2025.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Biografia: Euvaldo Lodi. Brasília: Câmara dos Deputados. Disponível em: https://www.camara.leg.br/deputados/130569/biografia. Acesso em: 25 maio 2025.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Euvaldo Lodi – perfil do CPDOC. Rio de Janeiro: CPDOC/FGV.

O CENTRO Industrial do Rio de Janeiro e sua importante participação na economia nacional (1827-1977). Rio de Janeiro: Editora Carone, 1977.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. O que é o IEL. Brasília: CNI. Disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/iel/institucional/o-que-e-o-iel/. Acesso em: 25 ago. 2025.