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Carlos Fernando Gross

Engenheiro em uma família de médicos, o empresário consolidou o Laboratório Gross como um dos mais importantes do Brasil. É presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio (Sinfar-RJ) desde 1992. Foi um dos mentores da criação da Casa Firjan.
Publicado em 18/08/2025 - Atualizado em 17/10/2025 12:40
Carlos Fernando Gross. Crédito: Antonio Batalha/Acervo Firjan
Carlos Fernando Gross. Crédito: Antonio Batalha/Acervo Firjan

“Há uma ideia cabotina de que o Rio é a capital do Brasil. Não é mais. Temos alguma dificuldade em aceitar isso. O Rio não é mais a capital do Brasil, mas é a capital intelectual do Brasil. O único lugar do Brasil em que se pensa o país é o Rio de Janeiro. Os outros estados pensam o seu estado, o seu resultado, o crescimento deles. Aqui não. Não perdemos o vício de pensar o Brasil.” 

Carlos Gross em entrevista ao Memória da Indústria

Com bisavô, avô e pai médicos, Carlos Fernando Gross nasceu no Hospital Gaffrée e Guinle, na Tijuca, Rio de Janeiro, no dia 25 de agosto de 1942. Filho de Renato Gross e de Maria Stella Mota Gross, costuma dizer que nasceu já dentro de um laboratório farmacêutico, afinal havia um no terreno de sua família, na rua Barão de Itambi, em Botafogo.

A tradição familiar com a medicina começa com o bisavô que também se chamava Carlos Gross. Segundo o empresário, seu bisavô teve dentre seus pacientes o Imperador Dom Pedro II e Marechal Deodoro da Fonseca quando este precisou ter alta pois fora convocado para fazer a Proclamação da República, em 1889. A história continuou com seu avô, Renato Gross, que em 1906 lançou-se na indústria farmacêutica, criando o Laboratório Gross.

- O meu avô era um médico ilustre aqui na Praia de Botafogo, fundou um pequeno laboratório no terreno da família e começou a fazer produtos para sífilis, junto com uma farmácia de amigos. Esse laboratório se desenvolveu descobrindo novos produtos no final dos anos 1920 início dos anos de 1930. Em um dado momento, meu avô, que era um pesquisador, desenvolveu uma fórmula de um produto que foi um enorme sucesso. Era o Atroveran. – relembrou em entrevista ao Memória da Indústria.

Carlos Gross estudou no Colégio Santo Inácio e não seguiu a vocação da família: estudou Engenharia na PUC-Rio e fez pós-graduação em Engenharia Econômica na Escola de Engenharia do Largo de São Francisco, atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

- Foi um engano. Não tinha nenhuma vocação para engenheiro. A engenharia é uma profissão, um estudo, que tem uma qualidade única. Os grandes executivos de grandes empresas no mundo são todos engenheiros. Por quê? É o modo de pensar. O engenheiro aprende a pensar num sistema de múltipla escolha. Ao observar um problema, entende todas as possibilidades e vai deletando as inviáveis para chegar no afunilamento da escolha correta. Esse método, só engenheiro faz. Eu não sou engenheiro, mas esse pensamento eu aprendi.

Em 1971, assume a direção do Laboratório Gross por conta de problemas de saúde de seu pai. Na época, a empresa já atendia o mercado nacional e ocupava um terreno de 15.000 metros quadrados, no bairro do Meier. Em sua gestão, Carlos Gross mudou a linha de condução e implementou uma cultura comercial com visão para negócios e oportunidades. Ele incorporou outros laboratórios e transformou o negócio em um dos três maiores do segmento no Brasil. Sua postura fez com que o negócio superasse as crises econômicas nos anos de 1980 e de 1990 que levaram ao fechamento diversos laboratórios no país. Gross é pai de Ana Luiza Gross, Mariana Gross e Fernanda Gross.

ASSOCIATIVISMO E ATUAÇÃO NA FIRJAN

“O resultado da indústria farmacêutica para a cultura mundial, para a saúde mundial, para o bem-estar da vida, é único. Nenhum setor contribuiu tanto para a melhoria da qualidade de vida e aumento da expectativa de vida do cidadão.” 

Carlos Gross em entrevista ao Memória da Indústria

Carlos Gross é presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio de Janeiro (SINFAR-RJ) desde 1992, onde se dedica ao desenvolvimento do setor farmacêutico fluminense. Neste período enfrentou desafios, como o controle dos preços dos remédios diante de uma inflação descontrolada no período anterior ao Plano Real, o enfrentamento de questões tributárias e financeiras, acordos trabalhistas, negociações salariais e exigências regulatórias. Trabalho que lhe rendeu a homenagem da Medalha do Mérito Industrial do Rio de Janeiro em 1993.

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O ano de 1992 também marcou o início da história de Gross na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), quando passou a fazer parte do Conselho Superior de Representantes. Desde então já foi vice-presidente da Diretoria Plena da Firjan, integrante do Conselho de Administração, do Conselho Empresarial de Economia, do Conselho Empresarial de Relações Internacionais, do Conselho Regional da Firjan SENAI, do Conselho Regional da Firjan Sesi e do Conselho Regional do Instituto Euvaldo Lodi-Firjan IEL.

O empresário fez parte do projeto que criou a Casa Firjan, um espaço de inovação conectado com o futuro e comprometido em entregar soluções para a Nova Economia, inaugurado em 2018.

- O Eduardo Eugenio Gouvêa Viera teve uma visão extraordinária e exitosa, que foi a compra da Casa Firjan. Essa casa era de uma família poderosa, a família Guinle.

Eles construíram no ano de 1906 de estilo francês maravilhosa. Essa casa não custou caro, custou muito aquém do valor real do que ela poderia valer. Era tombada, cuja liquidez não podia vender. E só a Firjan poderia comprar para preservar a memória. (...) Foi feita uma comissão para escolher os diversos projetos que concorriam e eu era um do grupo que fez essa seleção. Eu, o Carlos Mariani e o João Barbará sentamos e analisamos cinco projetos e escolhemos este que foi feito. Um êxito absoluto.

Durante a pandemia de COVID-19, Gross esteve envolvido nas ações da Firjan para ajudar a indústria e a sociedade a superarem as adversidades, tanto na questão da saúde quanto nas econômicas que surgiram a partir dali. Trabalhou para que a vacinação nas empresas acontecesse e para a criação de um posto de vacinação na Casa Firjan aberto para a sociedade. “O resultado foi muito bom”, orgulha-se.

Fontes:

Entrevista de Carlos Fernando Gross ao projeto Memória da Indústria realizada no dia 28 de novembro de 2023; A história do Laboratório Gross, disponível em https://www.gross.com.br/institucional/historia, acessada em 21 de março de 2025; Entrevista “Gross: um jovem laboratório de 98 anos”, disponível em https://abifina.org.br/facto/75/painel-do-associado/gross-um-jovem-laboratorio-de-98-anos/, acessada em 21 de março de 2025; Quem somos: Casa Firjan, disponível em https://casafirjan.com.br/a-casa-firjan/quem-somos, acessada em 21 de março de 2025; Notícia Firjan inaugura laboratório de biologia molecular no RJ, disponível em https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/10/14/firjan-inaugura-laboratorio-de-biologia-molecular-no-rj.ghtml, acessada em 21 de março de 2025