Carlos Eduardo de Sá Baptista
Engenheiro, vice-presidente da ABITAM e presidente do SINMETAL, o empresário é um entusiasta do trabalho da Firjan SESI e Firjan SENAI, e acredita na educação e na capacitação para criação de mão de obra especializada e crescimento industrial no estado.“A FIRJAN é um caminho de interlocução entre as demandas e lida com o sofrimento da indústria e da pequena indústria junto ao governo federal, através da própria CNI e parte com as bancadas de deputados. Essa interlocução é fantástica.”
Carlos Eduardo de Sá Baptista em entrevista ao Memória da Indústria
Filho de Neuza de Sá Baptista e do jornalista José da Costa Baptista, Carlos Eduardo de Sá Baptista nasceu no Rio de Janeiro no dia 5 de dezembro de 1944. Seus pais se separaram quando tinha apenas 9 anos e ele foi morar com os avós maternos Aurélio Pereira de Sá e Adélia Pereira de Sá em um bairro onde hoje está localizado o Sambódromo do Rio de Janeiro.
- Havia uma vila de casas onde fui criado pelos meus avós, então tive uma educação inicial muito rígida. A vila de casas era muito próxima à penitenciária da Rua Frei Caneca, onde naquela época nós jogávamos futebol de salão, que era um esporte recente. Jogávamos dentro do presídio contra os presidiários, algo que hoje seria impossível de imaginar. Então, num ambiente cercado, porque logo ali tem o Morro da Coroa, em volta do bairro tinha muitas favelas. Eu voltava do colégio já praticamente descalço para poder jogar bola antes de chegar, tomar banho e fazer o dever de casa. Eu segui meus estudos e comecei a trabalhar muito cedo com meus avós. – contou ao Memória da Indústria.
Sá Baptista se formou em Engenharia Eletrônica nas Faculdades Reunidas Nuno Lisboa, fez MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), pós-graduação em Administração Financeira pela Faculdade Hélio Alonso, em Management Internacional pela Universidade da Califórnia, Riverside (UCR) e em Governança Corporativa pelo IBMEC.
- Me formei custeando meus próprios estudos. Consegui fazer uma carreira muito rápido. Comecei trabalhando inicialmente no Jornal do Brasil, passei pelo Diário de Notícias, na rua do Riachuelo, e desses jornais fui trabalhar nas SIEMENS do Brasil, já na área de projetos. Em 1968, quando estava com 24 anos, fui fazer uma visita a uma empresa na Pavuna, que fabricava tubos. E conversando, descobri que os donos dessa empresa tinham sido criados junto aos avós. Houve uma sintonia entre a educação que eles receberam com a minha. E eles me convidaram para trabalhar. Lá comecei a minha carreira como eletrotécnico na área de manutenção dos equipamentos que estavam chegando. Era um equipamento novo, uma mudança de processo de solda na fabricação de tubos. Era muito novo aqui no Brasil, eles estavam com dificuldade de encontrar alguém que tivesse um conhecimento de indústria, de algum tipo de eletrônica aplicada à indústria, e eu tinha esse conhecimento.
A empresa de tubos era a Fábrica de Tubos Apolo. O empresário começou lá como eletricista eletrônico e fez toda sua carreira profissional na companhia. Foi chefe da manutenção, fez parte do departamento de planejamento e do departamento de produção, da área de custo, tesouraria e comercial. Na área industrial, passou por todos os setores, acumulando funções. Implementou uma política de capacitação e treinamento, indicando que a educação era uma das soluções para aprimorar a equipe e ter mais resultados.
No início dos anos 1970, fez na Apolo um projeto de alfabetização dos funcionários através de parcerias com as prefeituras, utilizando algumas escolas próximas da fábrica. Os colégios forneciam a sala de aula, os quadros e os professores, enquanto a empresa oferecia giz, lápis, caderno, os livros. O projeto deu certo. Sá Baptista é pai de Andreia Rocha Baptista e Marcia Rocha Baptista, do primeiro casamento, e de Carlos Eduardo Baptista e Gabriela Baptista, de seu casamento com Sandra Queiroz Baptista.
ATUAÇÃO SINDICAL E NA FIRJAN
Desde 2008, Sá Baptista é presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas do Município do Rio de Janeiro (SINMETAL). Passou a fazer parte da Firjan em 2000 quando assumiu uma vaga no Conselho Superior de Representantes da Firjan. Participou da Diretoria Plena da Federação e do Conselho Empresarial de Petróleo e Gás da entidade.
Em 2005, foi lançado o Fórum Metal mecânico formado pelos presidentes de sindicatos. Atualmente, este grupo metal mecânico faz parte do Rio Capital, que reúne os sindicatos do município do Rio de Janeiro. Pelo Fórum, esteve em diversas missões internacionais com a Firjan.
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- Fui para a Alemanha, Coreia, China. Você vai, visita feiras do setor e fábricas locais, e volta cheio de ideias. Lá tem incentivo e planos de desenvolvimento econômico. Aqui temos na área de petróleo e gás uns valores disponíveis para pesquisa e desenvolvimento, mas não tem um plano de governo para pesquisa e desenvolvimento.
A crença de que o crescimento empresarial vem pela educação, como a ação implementada na Apolo, também fez parte de sua vida associativa tanto no sindicato, quanto na Firjan.
- O programa no SINMETAL está com dois focos fortíssimos. O primeiro é no treinamento de funcionários, capacitação na Firjan SENAI. Temos um programa de visita com a parceria da própria Firjan. E o segundo é treinar o pequeno empresário. Estamos focando nele porque muitas vezes ele não conhece a total capacidade do SENAI.
“Tem aquelas pessoas que nem entendem que existe ali uma oportunidade para ele se inserir. Tem outras que conseguem entender que ela existe, mas não estão preparadas para ela. Então também essa oportunidade é perdida. E tem outras pessoas que se preparam sempre para que no momento em que aparecer uma oportunidade, ela possa se candidatar e conseguir fazer daquilo uma carreira. Eu me incluí na terceira hipótese, sempre me preparando e esperando que as oportunidades ocorressem, e fui bem-sucedido.”
Carlos Eduardo de Sá Baptista em entrevista ao Memória da Indústria
Fontes:
Entrevista de Carlos Eduardo Sá Baptista ao Projeto Memória da Indústria/FIRJAN, realizada em 25 de junho de 2024.