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Amaury Temporal

Ex-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro e da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, o empresário do ramo de isolantes térmicos foi Diretor do Centro Internacional de Negócios da Firjan por 20 anos e membro do Conselho de Eméritos da Firjan. Faleceu aos 77 anos, no dia 19 de dezembro de 2015.
Publicado em 26/08/2025 - Atualizado em 17/10/2025 12:35
Amaury Temporal. Crédito: Acervo Firjan
Amaury Temporal. Crédito: Acervo Firjan

Filho dos empresários Átila Temporal e Maria Alice Temporal, Amaury Temporal nasceu no dia 27 de abril de 1939, em Recife, cidade para qual seu pai resolveu levar sua empresa, a Temporal S.A. Industria de Isolantes Térmicos e Refratários.

 

Minha mãe era gaúcha e meu pai, carioca, eu nasci em Recife e vim para o Rio de Janeiro com dois anos de idade. Não quero que conste do meu currículo que eu nasci por acaso em Recife, porque não foi. Meus pais queriam que eu nascesse direitinho. Meu pai fabricava um produto cuja matéria-prima tinha em Pernambuco, ele achou que devia montar a fábrica no local onde estava a matéria-prima, a sílica diatomácea. 

Amaury Temporal em entrevista ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas, em 2008.

 

A sílica diatomácea é um isolante térmico importante, e foi com este produto que a empresa da família Temporal se tornou a fornecedora e instaladora do isolamento da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) durante a implementação da empresa em Volta Redonda na década de 1940.

Amaury Temporal estudou no Colégio Ateneu São Luís e no Colégio Santo Antônio Maria Zaccaria, ambos no Rio de Janeiro. Estagiou na Temporal S.A. e realizou cursos técnicos e estágios na Inglaterra, entre os anos de 1954 e 1955.

Em 1955, com a morte do pai, ele e sua mãe, que era contadora, assumem a condução da empresa. Ela cuidava da parte contábil e ele da fábrica, instalação e montagem. Naquele período, a Temporal S.A. era a única firma de isolamento térmico no país, chegando a ter duas mil pessoas contratadas.

Em 1960, viajou para os Estados Unidos onde fez um curso de especialização. Em 1972 cursou o Royal Holloway College, em Surrey, na Inglaterra, na área de refratários. Ainda participou dos ciclos de extensão da Escola Superior de Guerra, entre 1977 e 1979.

 

Fui fazer um curso de gerência nos Estados Unidos. Na época, havia uma ideia de gerência por objetivo, eu fiz um outro curso aqui no Brasil, depois, fui fazer um curso na Inglaterra, depois fui para os cursos de verão da Escola Superior de Guerra. Acabei quase que virando um aluno profissional, porque passei no mínimo vinte anos da minha vida fazendo cursos que me eram necessários naquele momento e naquela hora. 

Amaury Temporal ao CPDOC

 

Temporal foi membro do Conselho Fiscal da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro de 1979 a 1980. Em 1982, tornou-se diretor-presidente da Riopart — Participações e Empreendimentos S.A. onde permaneceu por 10 anos. Em 1997, passou a ser membro do Conselho Consultivo da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira e do Conselho Superior da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior.

Em 1988, foi eleito presidente da Comissão de Comércio do Capítulo Brasileiro do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos e em 1999 integrou o Fórum de Líderes do Mercado Comum do Sul, do Instituto Fórum de Líderes Empresariais da Gazeta Mercantil. Foi ainda chairman do Comitê de Negócios da British Chamber of Commerce in Brazil.

Transformou a paixão por gastronomia em três livros: Liberdade sempre (1989), De vinhos e rosas (1992) e Bom Tempo na França (2004), editados pelo Sistema Firjan.

 

A FIRJAN

 

A entrada de Temporal na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) acontece em 1977 como suplente do Conselho Deliberativo. Em 1983, ele passa a ser vice-presidente do Centro Industrial do Estado do Rio de Janeiro (CIRJ) e, em 1989, 1º vice-presidente, cargo que exerceu até 1995. Também fez parte Conselho Diretor entre 1983 e 1995.

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Em 1994, participou do projeto da inauguração do novo prédio da Firjan. No ano seguinte, foi designado pelo CIRJ (Centro Industrial do Rio de Janeiro) como diretor do Centro Internacional de Negócios da Firjan (CIN), cargo que ocupou por mais de 20 anos, até seu falecimento em 19 de dezembro de 2015, em Paris.

Em artigo publicado no Informe CIN, em setembro de 2010, Temporal escreveu que “a Firjan percebeu que haveria uma mudança paradigmática no que concerne à ação das entidades de classe empresariais, resultante da globalização da economia. Novas demandas seriam consequência da ampliação dos negócios internacionais, não somente no que tange a exportação e importação, mas igualmente, no âmbito do investimento, transferência de tecnologia e coalescência de agentes econômicos em alianças estratégicas e fusões. A resposta a esse desafio foi a criação do Centro Internacional de Negócios, o CIN, que se propunha a promover, apoiar, fortalecer e dinamizar a atuação das empresas fluminenses na área internacional. Em nível nacional, ao longo do tempo, as cambiantes necessidades da indústria foram atendidas pelo SENAI, SESI e IEL, respectivamente, para formação de mão de obra, apoio social e articulação com a academia. No caso do CIN, formou-se a Rede CIN, fruto da percepção de que nenhum estado do Brasil ficaria à margem do fenômeno da globalização.”

Durante sua gestão foram realizadas mais de 400 missões internacionais, em 48 países. O CIN também foi anfitrião de mais de mil delegações vindas ao estado, ações importantes que ajudaram a fomentar negócios entre países e para o Rio de Janeiro. Uma destas foi a Road Show do Estado do Rio de Janeiro em Londres, promovida em parceria com o Governo do Estado do Rio, entre 17 e 19 de julho de 2000, que apresentou aos ingleses oportunidades nas áreas de turismo, petróleo e energia.

Em 2010, em uma missão à China, o CIN foi conhecer mais sobre a indústria do país que mais crescia no mundo. O Centro também fechou parcerias eficazes com quatro câmaras de comércio europeias: Alemanha, Itália, Reino Unido e Portugal.

Em setembro de 2010, Amaury Temporal afirmou que “o CIN dedicou-se, inicialmente, a divulgar os desafios e oportunidades advindas do novo cenário mundial, com a inevitável consequência de marginalização dos que, por falta de engajamento, fossem alcançados pela concorrência global. Tratava-se de fazer uma cruzada em todo o estado, por toda a base produtiva, sem discriminar setor ou tamanho, em favor do admirável mundo novo.”, escreveu em artigo publicado no Informe CIN.

Por sua atuação em prol do desenvolvimento da indústria, Amaury Temporal foi condecorado não só no Brasil como também na França, Japão, Reino Unido e Portugal. Em 1985, recebeu da Firjan a Medalha do Mérito Industrial do Rio de Janeiro. Entre outras condecorações, recebeu a Ordem do Rio Branco no grau de comendador, a Ordem do Império Britânico no grau oficial, o Chevalier da l’Ordre National du Mérite da França e a Comenda do Mérito de Portugal no grau de comendador.

Dois dias antes sua morte, foi agraciado com uma última homenagem ao se tornar membro do Conselho de Eméritos da Firjan. 

 

ASSOCIATIVISMO PARA ALÉM DA FIRJAN


Além da FIRJAN, Temporal teve atuação na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), onde sua entrada ocorreu de forma curiosa. A publicação pelo Jornal do Brasil da tese A estatização no Brasil, relatada por ele em um curso da ACRJ em 1973, repercutiu de forma muito negativa, mas acabou gerando o convite para participar da associação.

Em 1978, Temporal foi convidado para ser primeiro vice-presidente da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), por Ruy Barreto, presidente do órgão. E participou do processo de mapeamento das milhares de associações comerciais espalhadas pelo Brasil e da criação dos primeiros congressos nacionais de associações comerciais. Em 1985, foi eleito presidente da CACB e assumiu automaticamente as presidências da ACRJ e da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Rio de Janeiro (FACIARJ). Nas três entidades sucedeu a Ruy Barreto. Após o fim de sua gestão, em 1989, Temporal foi indicado presidente honorário da Confederação. Tornou-se membro dos conselhos Superior e de Estudos Estratégicos da ACRJ e grande benemérito da entidade.

Fontes:

Depoimento de Amaury Temporal ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas realizada em 2008; TEMPORAL, Amauri, dados biográficos Disponível em https://www18.fgv.br/CPDOC/acervo/dicionarios/verbete-biografico/temporal-amauri, acessada em 21 de março de 2025; Notícia do Jornal O Globo “Morre Amaury Temporal, um dos diretores da Firjan”, disponível em https://oglobo.globo.com/economia/morre-amaury-temporal-um-dos-diretores-da-firjan-18347378, acessada em 21 de março de 2025; Informe CIN número 140, novembro de 2015; Carta à Industria de 24 de julho de 2000; Firjan/CIRJ 160; Informe CIN número 78, setembro de 2010; Encarte da edição Especial da Coletânea Amaury Temporal, editado pelo Sistema Firjan