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O Centenário da Independência - Nova exposição e outra reforma do centro

09/1922

O ano de 1922 ficou marcado por eventos relevantes na história da Primeira República. Foi o ano da Semana de Arte Moderna, a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), da Revolta do Forte de Copacabana e da primeira exposição universal realizada no país, conhecida como a Exposição Comemorativa do Centenário da Independência do Brasil, montada no Distrito Federal.

Apesar de não ser um dos melhores momentos da economia do país, o governo não poupou esforços para a realização do grande evento. A cidade do Rio de Janeiro passaria novamente por outra grande reforma. O então presidente Epitácio Pessoa nomeou outro engenheiro, Carlos Sampaio, para a prefeitura do Distrito Federal.

Um amplo programa de reforma foi posto em execução. Entre as muitas obras, ele previa o desmonte do Morro do Castelo, local de nascimento da cidade do Rio, que abrigava igrejas, antigos prédios administrativos e o jazigo do fundador da cidade, Estácio de Sá. O projeto de retirada do morro suscitou um enorme debate, que ganhou as páginas dos jornais da cidade. Em seu local, haveria uma esplanada, onde seriam construídos os pavilhões para a exposição.

O CIB, a Associação Comercial do Rio de Janeiro e a Sociedade Nacional da Agricultura ficaram responsáveis pela organização do certame, com a supervisão do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Uma das ideias da exposição era demonstrar o estágio de evolução alcançado pelos produtos fabris nacionais, com amostras de manufaturados e a apresentação de tabelas e gráficos indicando os progressos do setor.

Nem todos os pavilhões estavam prontos quando a exposição abriu suas portas no dia 7 de setembro de 1922. Seis mil expositores participaram da mostra, entre os quais havia também estrangeiros de 14 nações: Bélgica, Holanda, Dinamarca, Argentina, Reino Unido, México, Japão, Suécia, Tchecoslováquia, Noruega, Itália, Portugal, Estados Unidos e França.

A seção nacional localizou-se na Misericórdia, entre o antigo Arsenal de Guerra e o novo mercado, estendendo-se em parte da área conquistada ao mar. Nesse local, concentraram-se oito pavilhões: do Comércio, Higiene e Festas; das Pequenas Indústrias; da Viação e Agricultura; da Caça e Pesca; da Administração; de Estatística, aos quais se somavam os palácios das Indústrias e dos Estados.

Um antigo complexo militar, que abrigara nos tempos coloniais a Casa do Trem, o Arsenal de Guerra e o Forte do Calabouço, foi desativado e transformado no Pavilhão das Grandes Indústrias. A reforma foi executada pelos arquitetos Archimedes Memória e Francisque Cuchet. Nesse pavilhão, em estilo neocolonial, foi instalado o Museu Histórico Nacional, cuja criação se deu ainda durante a exposição pelo presidente Epitácio Pessoa. Já o prédio que abrigou o pavilhão francês, uma réplica do Petit Trianon, de Versailles, foi doado pelo governo francês à Academia Brasileira de Letras, ao final da exposição, em 1923. Ainda hoje, é possível admirar sua bela arquitetura na atual avenida Presidente Wilson, no Centro do Rio.