Dos anos de chumbo à abertura - Um “milagre à brasileira”

A posse do general Médici, em 1969, inaugurou um novo período na vida política brasileira, marcado pelo recrudescimento da repressão dos direitos e garantias individuais, censura aos meios de comunicação e pelas denúncias de tortura aos presos políticos. Por essa razão, foram chamados de “anos de chumbo”.
Em paralelo ao Programa de Metas e Bases para a ação do governo (1970-1974), foi lançado o Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND), em 1971. Idealizado pelos ministros João Paulo dos Reis Velloso e Mário Henrique Simonsen, tratava-se de um projeto ambicioso. Foram feitos fortes investimentos em infraestrutura, especialmente em energia, transporte e telecomunicações. Procurou-se corrigir os desequilíbrios regionais com a criação de novos polos industriais, alargando fronteiras econômicas e proporcionando maior integração nacional. Isso tornaria possível a ampliação do parque industrial, com destaque para os setores de petroquímica e siderúrgica.
Os resultados foram rápidos. A economia nacional se expandiu e houve um expressivo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Os índices inflacionários se estabilizaram. A prosperidade econômica, batizada de “milagre brasileiro”, deu uma nova feição ao país. A economia mundial passava por um momento favorável, o que facilitava a obtenção de recursos externos e a atração de investidores estrangeiros, boa parte concentrada na indústria automobilística.
Os resultados extraordinários transformaram-se em instrumento de propaganda do regime militar, que faria do Brasil uma grande potência. Os recursos originados na reorganização econômica foram canalizados para a criação de novas estatais. No auge do “milagre”, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 14% em 1973. Entretanto, essa situação tomaria a direção oposta com a primeira crise mundial de petróleo, ocorrida no final daquele ano.