A Federação do Rio de Janeiro - O CIB transforma-se em FIRJ

O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio assumiu as questões trabalhistas, até então tratadas pelo Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, que foi extinto. Gradativamente, o novo ministério foi criando uma extensa legislação referente à organização sindical e aos direitos do trabalhador. Em 1931, por meio do Decreto nº 19.770, tratou-se da sindicalização patronal e operária. Procurando se adequar à nova lei, o Centro Industrial do Brasil (CIB) transformou-se em Federação Industrial do Rio de Janeiro (FIRJ), em dezembro de 1931. Sua missão era congregar as atividades industriais localizadas no Rio de Janeiro. Inaugurava-se, então, uma terceira fase da representação da classe dos industriais fluminenses, iniciada com a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, em 1827.
Francisco de Oliveira Passos, último presidente do CIB, permaneceu na presidência da recém-criada federação. Entre 1931 e 1934, a diretoria da FIRJ continuou basicamente a mesma do CIB, contando com industriais como Guilherme Guinle, Júlio Pedroso de Lima, Arthur de Castro, Carlos Teles da Rocha Faria, Euvaldo Lodi, Vicente Galliez e Raimundo Otoni de Castro Maia. Oliveira Passos foi reeleito presidente da FIRJ para o período 1934-1936, mas, em 1935, renunciou ao cargo, sendo substituído por Carlos Teles da Rocha Faria.
A FIRJ agregou sindicatos patronais reconhecidos pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, conforme a lei exigia, tais como: Centro de Fiação e Tecelagem de Algodão (antiga dissidência do CIB); Centro dos Industriais de Serraria; Sindicato dos Industriais de Papel do Rio de Janeiro; Sindicato dos Industriais de Cerâmica e Vidro; Centro da Indústria de Calçados e Comércio de Couro; e, por fim, a Associação dos Construtores Civis do Rio de Janeiro.
Numa tentativa de organização política do empresariado, foi fundado o Partido Economista do Brasil, em 1932, na cidade do Rio de Janeiro. Oliveira Passos, então presidente da FIRJ, foi um dos líderes da iniciativa. A hora era de posicionamento, como deixou claro em um de seus discursos: “Já é tempo das classes trabalhadoras deixarem a posição subalterna de parte meramente passiva da sociedade política, com a incumbência exclusiva de proporcionar os recursos de que o país necessita para o seu desenvolvimento.” A FIRJ participou da fundação do novo partido ao lado do Centro dos Industriais de Fiação e Tecelagem de São Paulo, do Centro das Indústrias de Calçados e Comércio de Couro, do CIFTA.
Em 1933, a diretoria da FIRJ enviou ao governo provisório uma análise da situação de crise econômica do país. Em relação ao crédito bancário, aconselhou minimizar a escassez de reservas cambiais. Oliveira Passos destacou a necessidade de um protecionismo “inteligente, racional e lógico” e a necessidade de defesa alfandegária, toda vez que ela coincidisse com os interesses da própria coletividade nacional.
O poder de ação da FIRJ fez com que o governo abolisse a cláusula-ouro, em 1934, quando se adotou uma técnica mais simples de controle cambial. Questões debatidas desde os tempos do CIB foram conquistas igualmente relevantes, como o problema dos impostos estaduais e intermunicipais e o fim da cobrança em ouro dos serviços de fornecimento de energia elétrica para fins industriais no Distrito Federal.
Foram dez anos de enfrentamento de crise política, social e econômica vivida pelo país, agravada pela recessão mundial. Porém, em 1934, a indústria começou a reagir, voltando a crescer; entre 1934 e 1938, registrou-se um crescimento de 87%. Esse crescimento deveu-se à capacidade ociosa da indústria, que desde a década anterior possuía um elevado potencial de produção, interrompido pelos efeitos da crise mundial de 1929. Essa foi a razão de recuperação do setor e da rápida retomada de um processo de substituição de importações que, portanto, já estava em andamento havia alguns anos.