Nova direção na Firjan e crise estadual e federal - Ênfase na questão social

Diante da crise estadual e federal, a FIRJAN promoveu em 1980 a Primeira Reunião Plenária das Indústrias do Rio de Janeiro (I Plenid), ainda sob a gestão de Mario Leão Ludolf, 11 anos à frente da FIRJAN e do CIRJ. Na Plenid, discutiram-se as distorções geradas pelo processo de fusão dos dois estados e os problemas da crise conjuntural do país. Chamou-se a atenção para a responsabilidade social dos empresários: era preciso olhar mais para os problemas da sociedade naquele estágio de desenvolvimento.
As discussões da Plenid, embasadas por estudos do IDEG, resultaram na Carta de Recomendações e Princípios, enviada ao governo federal, que tratava de importantes problemas, como: intervencionismo estatal; o modelo energético e desequilíbrios atuais da economia brasileira; inflação e balanço de pagamentos; problemas de desenvolvimento industrial; o fortalecimento da empresa privada; política social de empresa; política salarial e negociações trabalhistas. Por toda a década, outras plenárias seriam convocadas para discutir os problemas mais urgentes do Rio de Janeiro e do país, devido ao agravamento da crise.
Em setembro de 1980, o empresário do setor de construções navais Arthur João Donato foi eleito presidente da FIRJAN e, no mês seguinte, do CIRJ. João Fortes, do setor de construção civil, assumiu a vice-presidência. Advogado, doutor em direito público, Donato era presidente do Estaleiro Caneco, responsável por empregar cerca de 5 mil trabalhadores, e diretor de outras cinco empresas. Ao assumir o cargo, prometeu uma renovação das entidades, de modo a torná-las mais dinâmicas e representativas, considerando a abertura política e social, determinante para a criação de novos horizontes para todos os segmentos da sociedade.
Em seu discurso de posse, Donato pregou a necessidade de um trabalho conjunto ao governo e à iniciativa privada para solucionar os grandes problemas nacionais: inflação, o balanço de pagamentos, endividamento externo e interno, escassez energética, desaceleração da economia, distribuição de renda, combate à pobreza e à miséria, crescimento urbano, preservação do meio ambiente, alimentação, saúde e educação. Problemas que perdurariam pela década, sendo que alguns seguem mobilizando agendas de diálogo até hoje.
O momento era de dificuldades e Donato destacou que a solução para os problemas econômicos deveria ser encontrada sem que houvesse agravamento dos problemas sociais. Contrário ao presidente anterior, defensor da recessão como forma de combater a inflação, Donato acreditava no desenvolvimento industrial como forma de resolução da crise econômica nacional. Afinal, o processo de crescimento industrial era a forma mais eficaz de gerar novos empregos.
A preocupação com as questões sociais não era gratuita. Naquele momento, os índices de desemprego aumentavam por todo o país. O Rio de Janeiro apresentava um dos indicadores mais elevados: 8,9% no mês de junho e 9,12% em julho de 1981. A crise abalava os dois grandes setores que mais empregavam no estado: a construção naval e civil. A produção industrial também apresentava forte queda, de 5%. Os desequilíbrios de classe haviam se acentuado e o problema social entrava em pauta. Por isso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) acrescentaria em seu nome o “S” de Social, em 1982, tornando-se então BNDES.
Arthur Donato procurou imprimir novas diretrizes às entidades, para tornar mais eficaz a forma como atuavam no Rio de Janeiro. Uma das primeiras medidas foi a instalação de delegacias regionais. Em 1981, foi inaugurada a delegacia na cidade de Campos, seguida das regionais de Nova Friburgo e do Vale do Paraíba. As novas delegacias tinham a função de representar as entidades e de prestar serviços aos sindicatos industriais e às empresas da região. A iniciativa buscava fortalecer a interiorização tanto da FIRJAN quanto do CIRJ no estado do Rio de Janeiro.
Em 1983, Donato foi reeleito para novo mandato, renovado até 1995. À frente das entidades, enfrentou uma das mais fortes crises econômicas vividas pelo país. Durante sua gestão, as principais ações foram a luta contra a recessão e o fomento de uma política industrial, que levasse em consideração a geração de emprego, o apoio às pequenas e médias empresas e o fortalecimento das cidades do interior do estado do Rio de Janeiro. Uma novidade desse período foi a publicação de indicadores industriais efetuada pelo Departamento Econômico da FIRJAN, para avaliar o desempenho do setor industrial, importante instrumento em um momento de crise."