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O Brasil de JK - Indústria e desenvolvimento

01/1956
 Juscelino Kubitschek em um carro Romi Isetta, o primeiro fabricado no Brasil (1960). Crédito: Agência O Globo
Juscelino Kubitschek em um carro Romi Isetta, o primeiro fabricado no Brasil (1960). Crédito: Agência O Globo

A crise no governo atingiu seu auge no momento da morte de Getúlio Vargas e a instabilidade permaneceu até as eleições em 1955, quando houve uma clara tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Juscelino Kubitscheck. Obrigado a afastar-se do cargo por motivos de saúde, o então presidente, Café Filho, foi substituído por Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados, que, por sua vez, se recusou a punir os militares golpistas. Favorável ao resultado das urnas, o ministro da Guerra, general Henrique Lott, mobilizou uma operação que incluiu a ocupação de vários prédios do governo, estações de rádio e jornais, culminando com o afastamento de Carlos Luz. Nereu Ramos, presidente do Senado, assumiu o governo, decretou estado de sítio e instituiu censura à imprensa, que tiveram fim com a posse de Juscelino Kubitschek, em fevereiro de 1956.

O governo Kubitscheck foi marcado pelo Plano de Metas, cujo objetivo era ampliar o processo de industrialização por meio da política de substituição de importações, iniciado por Vargas. Desenvolveu-se um conjunto de projetos relativos a energia, transporte, alimentação, indústrias de base e educação técnica, e criou-se o Conselho Nacional de Desenvolvimento para a sua execução. A construção de uma nova capital, na Região Centro-Oeste, foi incluída como a meta-síntese no plano.

O Conselho de Desenvolvimento tinha autonomia para decidir sobre os rumos dos projetos. Foram organizados grupos de estudos, alguns deles transformados em grupos executivos, que realizavam pesquisas e determinavam as medidas necessárias para a implantação de indústrias em seus respectivos setores, tais como o Grupo Executivo das Indústrias de Construção Naval (Geicon), Grupo Executivo das Indústrias de Mecânica Pesada (Geimape) e o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia), entre todos, o mais relevante.

O protagonismo do Estado brasileiro na promoção do desenvolvimento econômico foi ampliado com as atividades de planejamento e execução conduzidas pelo Conselho de Desenvolvimento e pelo BNDE. Entre 1956 e 1960, foram implementados projetos de usinas hidrelétricas, rodovias, linhas de transmissão e dos setores siderúrgico e de papel e celulose. Os mais importantes foram: a construção das usinas de Três Marias e de Furnas (o maior projeto de energia de todo o programa) em Minas Gerais, o complexo de usinas da Light em São Paulo e a ampliação da Usina de Paulo Afonso, na Bahia.

Os investimentos realizados ampliaram a estrutura industrial do país, com ênfase nos setores de bens de produção e bens de consumo duráveis. A implantação da indústria automotiva propiciou diversos projetos ligados a essa iniciativa, não só na siderurgia, como também em outros segmentos necessários para o desenvolvimento da cadeia produtiva, como mecânica pesada, borracha e têxteis. Nesse período, a produção industrial no país cresceu 80%, com destaque para as indústrias de aço, mecânicas, elétricas e de equipamentos de transporte. A economia se expandiu como o esperado, cerca de 5% ao ano. O coeficiente de importações caiu de 14% para 8% em 1960, superando as previsões em torno dos 10%. No entanto, a inflação prevista em 13,5% ficou em torno de 25% ao ano, entre 1957 e 1960.