Mudança nos hábitos de consumo - Os eletrodomésticos invadem o lar

Uma euforia dominava o país por conta de todas as renovações ocorridas nos últimos anos, “Os anos dourados”. A televisão começava a se popularizar no Brasil, inclusive por conta da introdução do videoteipe (1960), que possibilitou às populações das cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte assistir à inauguração da nova capital pela TV. A música e o cinema se renovavam com novos estilos e técnicas. O país conquistara o seu primeiro título de campeão mundial em 1958, repetindo a dose na Copa seguinte, em 1962, realizada no Chile.
No início dos anos 1950, grande parte dos bens de consumo ainda era importada, vinda principalmente dos Estados Unidos, mas esse quadro começou a mudar nessa década, com uma política de substituição de importações iniciada no governo Vargas e acentuada por JK, que incentivou a instalação de indústrias estrangeiras no Brasil. Com isso, a indústria de bens de consumo duráveis cresceu bastante e muitos desses bens passaram a ser feitos no país. A indústria de veículos é o exemplo mais relevante. Ao final da década, haviam sido implantadas 11 montadoras no país, entre as quais: FNM, Volkswagen, a General Motors, a Ford, a Mercedes-Benz, a Toyota e a Vemag.
Em 1960, foram produzidos 65 mil caminhões, 25 mil jipes, 20 mil utilitários e 30 mil automóveis. A indústria automobilística empregava 35 mil trabalhadores. Além disso, 1.200 empresas de autopeças se estabeleceram, empregando 105 mil pessoas.
Eletrodomésticos também passaram a ser produzidos no Brasil, tais como os famosos refrigeradores Frigidaire, fabricados pela General Motors. Empresas como a Arno e a Walita anunciavam liquidificadores. O país se modernizava e a vida doméstica acompanhava esse ritmo: aspiradores de pó, enceradeira, ferro elétrico, máquinas de lavar roupas, batedeiras de bolo, secador de cabelos. Os eletrodomésticos chegavam para ficar e facilitar os trabalhos domésticos, que podiam então ser feitos com maior rapidez e conforto. É claro que o acesso a esses bens ainda era restrito a uma parcela pequena da população.
O comércio também se modernizava, introduzindo novas formas de venda. Foi nessa época que começaram a aparecer os primeiros supermercados, inspirados no modelo norte-americano de autosserviço. O Rio de Janeiro inaugurou o seu primeiro supermercado em 1956, O Disco, de propriedade do poeta e jornalista Augusto Frederico Schmidt, autor de célebres frases, como o lema do governo JK: “Cinquenta anos em cinco”.