Modernizando a gestão - CIRJ e FIRJ: adaptação e crescimento

Desde 1954, Zulfo de Freitas Mallmann respondia pela presidência do CIRJ e da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJ) — que se transformaria em Federação das Indústrias do Distrito Federal (FIDF) em 1955 e do Estado da Guanabara (FIEGA) em 1960; acumulava ainda a direção regional do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Mallmann procurou modernizar a gestão das entidades, dando ênfase à produtividade, por meio da racionalização e otimização dos métodos de trabalho empregados nas indústrias. Lançou novas publicações e buscou ampliar os serviços oferecidos pelas instituições.
O CIRJ manteve a proposta de promover frequentes palestras e conferências em sua sede para discutir temas pertinentes à indústria e ao desenvolvimento econômico do país, convidando os maiores nomes da área. Temas como energia, imposto de renda, problemas de distribuição de crédito a pequenas e médias empresas e até mesmo plano de expansão dos serviços telefônicos foram discutidos e, posteriormente, tornaram-se objetos de estudos do Centro.
O destaque vai para um trabalho dedicado à fusão do estado do Distrito Federal com o estado do Rio de Janeiro, ainda em 1959. O CIRJ e a FIDF promoveram uma campanha em seu favor, diante da iminente transferência da capital para Brasília. No entanto, o esforço não obteve êxito, e o Distrito Federal foi transformado em estado da Guanabara.
Em 1957, o CIRJ e a FIDF participaram da III Reunião Plenária da Indústria, realizada no Recife, onde foram discutidas políticas de crédito e salarial implementadas pelo governo. As duas entidades defenderam a criação de um Banco de Desenvolvimento Industrial como um meio de aumentar o crédito ao setor. Um estudo foi desenvolvido e chegou-se a elaborar um anteprojeto com os estatutos do banco e sua organização interna, que teria três carteiras: cambial, comercial e de crédito industrial. O banco foi pensado para ser principalmente um estabelecimento para incrementar as atividades industriais no Brasil, mas a ideia não foi adiante.
O governo JK foi favorável aos industriais, com uma política tarifária satisfatória e, apesar das críticas, acesso a crédito. É preciso destacar ainda que os investimentos nas áreas de infraestrutura, especialmente energia, possibilitaram a ampliação do parque fabril. No final dos anos 1950, os índices de crescimento eram espantosos: indústria mecânica, 100%; a de comunicações, 125%; e a de transporte, incluindo automóveis, 600%.
O Boletim Mensal da Federação, em setembro de 1958, destacou o “nosso surto industrial”, que deixava surpresos “aqueles menos crentes nas imensas possibilidades do país, ou aqueles que não conheciam o poder de ação dos homens de empresa”. O melhor exemplo era o extraordinário crescimento da indústria automobilística, que estava servindo de incentivo a outros empreendimentos, como na indústria naval.
No entanto, surgiam obstáculos “quase que intransponíveis”. Três fatores “assustavam” os investidores naquele momento: matérias-primas, especialmente ferro e aço, insuficientes para atender à demanda; mão de obra, faltavam operários e técnicos qualificados para acompanhar a expansão industrial; e capitais. De acordo com o Boletim, somente a indústria automobilística precisaria nos dois anos seguintes de mais de 40 mil trabalhadores qualificados. Esses problemas mereciam atenção e deveriam ser acompanhados pelas entidades de classe para não interromper o ritmo do crescimento industrial. Além disso, a técnica de produção moderna, segundo o Boletim, passava a ser uma arte “calcada em bases realísticas”. O empreendedor moderno deveria acompanhar, de uma maneira geral, os acontecimentos da economia do país e de sua extensão até o exterior.