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Do Brasil industrial ao país da crise

01/1964

Desde os anos 1950, o Brasil não era mais um país apenas agrícola. A participação da agricultura no produto interno bruto (PIB) foi caindo de forma gradativa e, paralelamente, a participação da indústria alcançou um significativo aumento. Os dados censitários demonstravam também outras mudanças no país, como a queda da população que vivia no campo. O Censo de 1955 registrou uma parcela de 64% e, no de 1960, esse indicador caía para 55% dos habitantes; o número de domicílios urbanos havia crescido de 37% em 1950 para 47% em 1960. Essa tendência seria intensificada nos anos seguintes, sendo interrompida na década de 1980.

A partir de 1961, as publicações e relatórios do CIRJ e da Federação começaram a registrar queda nos investimentos, “que se processavam muito aquém das necessidades do desenvolvimento do país”. Os reflexos dessa retração não tardaram e os efeitos se tornaram mais palpáveis. A expansão fabril teve queda no seu ritmo de crescimento de 11% ao ano para 6% em 1962. Na Guanabara, esse índice chegou a ser ainda mais acentuado.

O rápido crescimento industrial nos últimos anos da década de 1950 havia sido responsável pela elevada taxa de desenvolvimento econômico do país. A dinâmica do setor havia compensado os resultados menos favoráveis nas demais atividades produtivas, em especial na agricultura. No momento em que houve a desaceleração das atividades industriais, verificou-se uma queda substancial no crescimento do país.

As medidas adotadas pelo Plano Trienal não surtiram os efeitos esperados, especialmente aquelas destinadas a conter a inflação. O processo inflacionário prejudicava diretamente no aumento do custo de vida e também o setor industrial, causando a queda de sua expansão e incidindo sobre o volume de produção. As indústrias não produziam mais por falta de recursos próprios e bancários, para financiar a sua produção.

Apesar de terem sido favoráveis ao golpe militar de 1964, por acreditarem que seria melhor para a economia do país, as entidades de classe foram acusadas de não terem dado apoio suficiente ao movimento, pelo ministro da Guerra, Costa e Silva. À frente do empresariado, Zulfo Mallmann resolveu não concorrer à nova reeleição da FIEGA e CIRJ. Assim, pela primeira e única vez, as diretorias das entidades foram separadas, para que o CIRJ – sociedade civil – pudesse se manifestar com mais liberdade contra as decisões do novo regime, tendo em vista que a FIEGA – órgão sindical – não poderia fazê-lo. A separação seria mantida até 1966, quando o comando das entidades voltou a ser feito pelo mesmo dirigente.